quarta-feira, janeiro 12, 2022

É #FAKE que vídeo mostre homem chorando sobre corpo de criança morta após tomar vacina contra a Covid-19




Na verdade, a imagem foi feita na Síria e mostra uma criança que foi vítima de um bombardeio em outubro de 2021. O fotógrafo que fez o vídeo, o sírio Ali Haj Suleiman, usou as suas redes sociais para desmentir que a criança morreu por conta da vacina. Ao g1, Suleiman mostrou fotos sob outros ângulos em que é possível ver que o corpo da menina apresenta sinais de ferimentos a bomba.

Circula nas redes sociais um vídeo que mostra um homem chorando em desespero perto do corpo de uma criança. Uma legenda diz que a criança tem 11 anos e morreu após receber a vacina. É #FAKE.

A mensagem completa diz: "Uma criança de 11 anos morre após receber a vacina. O pai desesperado não sabe o que fazer. Crianças estão sendo assassinadas pelas farmacêuticas, pelos políticos corruptos, pela imprensa e pelos médicos, todos genocidas. Todos corrompidos pela elite psicopata. Vítimas inocentes das vacinas...frágeis e indefesas crianças, sendo entregues à morte pelos próprios pais. Não vacine seu filho!!!"

O vídeo não mostra uma criança morta após receber a vacina. A criança mostrada no vídeo morreu durante um ataque militar contra civis na Síria, em outubro de 2021.

O vídeo que circula nas redes sociais tem registrado no canto inferior esquerdo a marca do fotógrafo Ali Haj Suleiman, que, em sua conta verificada no Twitter, se identifica como um fotógrafo sírio baseado em Idlib, cobrindo a guerra síria no noroeste do país.

O próprio Suleiman conta em um dos tuítes que o filme que ele fez em Ariha-Idlib em 20 de outubro de 2021 mostra uma criança morta em consequência do bombardeio causado pela guerra. E que o registro circula nas redes sociais do Brasil como se fosse de uma criança que morreu após receber a vacina contra a Covid-19.

Uma busca na conta de Suleiman leva ao registro original do vídeo. As imagens foram postadas em 22 de outubro de 2021, mas ele esclarece na mensagem que o vídeo foi feito dias antes, no dia 20.

Em entrevista ao g1, Suleiman confirmou que ele é o autor do vídeo. Ele apontou que a Human Rights Watch relatou o ataque.

De acordo com ele, a menina que aparece no vídeo se chamava Remas Al-Hassan. O homem que aparece ao lado do corpo não é o pai da criança, mas um parente próximo. O pai também morreu no mesmo bombardeio em que a criança foi morta.

Suleiman mostrou fotos sob outros ângulos em que o corpo da menina apresenta manchas de sangue provocadas pelos ferimentos a bomba. Ele relata como ficou sabendo do mau uso de seus registros.

"Estava navegando na minha conta do Twitter e recebi muitos comentários e tags na minha conta, de pessoas que residem no Brasil. Segui algumas tags. Fiquei surpreso que eles estavam usando o vídeo que eu fiz, e a conversa deles era que uma criança morreu por causa da vacina. De fato, o vídeo mostra uma menina síria que foi morta devido ao bombardeio do regime sírio na cidade de Ariha. Fiquei muito triste quando soube disso, pois é uma exploração do sofrimento e da opressão vividos pelo povo sírio", diz.

Suleiman denunciou que, além de circular com alegações falsas em português, o vídeo circula também com legendas do mesmo teor no Twitter em turco, na rede social russa VK e no Bitchute.

Por Roney Domingos, g1

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