terça-feira, julho 30, 2019

Sobrevivente nega que catamarã tenha batido em pedra antes de naufrágio em Maragogi, AL


Um dos sobreviventes do acidente com o catamarã "Tô a Toa", que naufragou na tarde do sábado (29) em Maragogi, Litoral Norte de Alagoas, negou a versão de que a embarcação afundou após atingir uma pedra. A informação tinha sido passada por testemunhas ao Corpo de Bombeiros logo após o acidente.

Tarcísio Gomes integrava o grupo de turistas de Fortaleza que estavam na embarcação e é filho de uma das duas idosas que faleceram no acidente. Ele deu detalhes do momento do naufrágio em entrevista à TV Gazeta de Alagoas, exibida nesta segunda-feira (29).

“Não houve pedra no meio do caminho. Estávamos felizes, sentados, cantando, quando de repente o barco inclinou e o marinheiro mandou todo mundo ir para o outro lado. Daí quando todo mundo foi pra o lado que ele mandou, o barco inclinou e virou", lembra Gomes.

A assessoria do Corpo de Bombeiros disse que a informação de que a embarcação havia batido em uma pedra antes de naufragar foi passada por testemunhas que fizeram o chamado para o socorro e que coube à corporação apenas fazer o resgate.

Uma outra embarcação que seguia para o mesmo passeio se aproximou para fazer o resgate, dando prioridade às crianças e às pessoas que não sabiam nadar. Quando todos estavam no outro barco, Tarcísio Gomes percebeu que a mãe não havia sido resgatada.

"Mergulhadores chegaram para ajudar. Mergulhei, mas estava muito escuro, daí um mergulhador chegou, entrou no barco e trouxe a dona Fátima. Quando cheguei no barco as pessoas procuravam por minha mãe. Quando entrei, não encontrei minha mãe”, disse Tarcísio.

O sobrevivente contou ainda que não era a primeira vez que ele fazia esse passeio com a família, e que algumas uma coisas chamaram atenção logo no início: o embarque em um local diferente da praia, a ausência de coletes salva--vida e as condições climáticas instáveis.

“Já estivemos outras vezes em Maragogi e fizemos esse passeio. Daí estranhamos o ponto de saída, perguntamos pelos coletes e eles disseram que pegaríamos no outro barco que estava à frente. Também disseram as condições do tempo, que estava fechado, mas logo iria mudar, E que estava tudo tranquilo. Acreditamos no que falaram”, completou.

Além da mãe de Tarcísio Gomes, outra idosa também acabou morrendo afogada no naufrágio do catamarã. O acidente aconteceu a 3 km da praia em uma localidade conhecida como 'Buraco'.

Um outro turista que estava na embarcação lembra que o mar estava bastante agitado e que o catamarã começou a virar após uma onda que jogou muita água na embarcação.

"O mar estava bastante agitado. Eis que vem uma onda muito grande e entra bastante água no barco. Quando entrou bastante água no barco, todo mundo foi pro lado oposto, mas mesmo assim não teve jeito, a força da água foi tão grande que a embarcação virou", disse o estudante João Victor Macena.

As investigações

A causa do acidente pelo passeio turístico será investigada pela Polícia Civil. O delegado Aylton Soares Prazeres disse ao G1 que só após o relatório da Marinha vai ser possível dizer se vai requerer a prisão do responsável pela embarcação.

A promotora de Justiça de Maragogi, Francisca Paula, também investiga o caso. Ela informou que já foram ouvidos o homem que alugou a embarcação, identificado apenas como Wanderson, familiares das vítimas e do ex-prefeito de Maragogi Marcos Madeira, que contou à polícia que o catamarã é do irmão dele, embora ainda esteja no nome da antiga proprietária, Simone Leite.

Entre as inúmeras irregularidades já apontadas, como ausência de itens de segurança na embarcação e de alvará para realização da atividade turística, a pessoa apontada como proprietária do catamarã disse que o barco havia sido negociado há 2 anos, mas que a documentação de transferência não havia sido regularizada.

Por meio de nota na noite de domingo (29), a Marinha do Brasil informou que a Capitania dos Portos de Alagoas abriu um inquérito para "apurar as causas, circunstâncias e responsabilidades do acidente" e esclareceu que a embarcação estava com a vistoria válida.

A reportagem entrou em contato com a Marinha às 9h40 para saber se a perícia na embarcação estava agendada ou se já tinha sido feita. Por meio de nota, a Marinha respondeu que durante a apuração sobre o acidente, testemunhas serão ouvidas, documentos serão analisados e uma perícia será feita. E disse também que após a investigação ser concluída, o inquérito será encaminhado ao Tribunal Marítimo, que julga acidentes e fatos da navegação.

Veja a nota da Marinha na íntegra:

A Marinha do Brasil (MB), por intermédio da Capitania dos Portos de Alagoas (CPAL),informa que está conduzindo um inquérito, com o objetivo de apurar as causas, circunstâncias e responsabilidades do acidente.

Durante a apuração serão realizadas oitivas de testemunhas, análise de documentos e perícia, bem como outros procedimentos que sejam necessários. Após concluído, o inquérito será encaminhado ao Tribunal Marítimo, a quem cabe julgar os acidentes e fatos da navegação.

Na condição de Autoridade Marítima, a Marinha do Brasil possui como atribuições a salvaguarda da vida humana no mar, a segurança do tráfego aquaviário e a prevenção da poluição hídrica.

Por G1 AL

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