quinta-feira, janeiro 30, 2020

Tempestades deixam ribeirinhos em alerta no Alto São Francisco


O início de 2020 tem sido de muita tristeza para inúmeras famílias, que perderam parentes ou ficaram desabrigados, por causa das fortes chuvas que caem principalmente no Sudeste do país. Somente em Minas Gerias 54 pessoas morreram, 38.703 estão desalojadas e outras 8.157 perderam suas casas, de acordo com dados divulgados pela Defesa Civil Estadual. O levantamento considera os óbitos entre os dias 24 a 29 de janeiro.

As chuvas que deveriam ser um alento e um grito de sobrevivência, principalmente, para o Rio das Velhas – importante afluente do Rio São Francisco – tem causado transtornos em várias cidades de Minas Gerais, e também em sua capital Belo Horizonte. No total 101 municípios estão em situação de emergência no estado.

Já o Rio São Francisco, que nasce na Serra da Canastra e corta várias cidades mineiras até chegar a sua foz, parece recuperar o volume de água de outros tempos, porém, não deixa de causar transtornos para ribeirinhos, que insistem em cultivar lavouras nas margens do rio ou para proprietários de ranchos, que constroem imóveis em Áreas de Proteção Permanente (APP), na região do Alto São Francisco.

Para o conselheiro do CBHSF, Adelson Toledo de Almeida, da Associação dos Municípios da Bacia do Médio São Francisco (AMMESF), o grande problema neste período de cheia são os impactos causados pela ocupação irregular. “Em 2018, o CBHSF realizou aqui em Pirapora/MG, uma reunião pública, justamente para tratar da prevenção de enchentes em áreas de risco. E hoje, com o rio cheio, voltamos a alertar sobre isso, pois como já falamos diversas vezes, o volume da chuva contribui para as enchentes, mas a degradação ambiental e a ocupação irregular são causadores de vários desastres neste período chuvoso”, observa Adelson.

Raimundo Silva, aposentado, possuiu uma pequena lavoura na Ilha da Pimenta, que fica a 25 km de Pirapora, ele calcula que o prejuízo este ano não foi tão grande. “Em 2011, o rio transbordou e minha casa ficou debaixo d’água, vários ribeirinhos perderam tudo na época. Este ano tive prejuízo apenas com a lavoura, já estávamos em alerta. A ilha ficou parcialmente inundada, mas o rio já baixou bastante”, disse Silva.

De acordo com o diretor do geral do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Pirapora, Esmeraldo Pereira Santos, os ribeirinhos, principalmente os que moram ou cultivam nas ilhas, sabem que neste período o alerta deve ser redobrado. “São famílias que estão há muito tempo nestas ilhas, portanto, elas sabem olhar a calha do rio, se o volume subiu ou diminuiu, principalmente neste trecho do Alto São Francisco”.

Segundo Esmeraldo, apesar do rio ser largo em alguns pontos, a tendência é da água subir muito rápido em caso de tempestades. “Por isso, a atenção dessa população deve ser redobrada nesta época de chuvas. Tanto que a Defesa Civil do município trabalha de forma incansável na prevenção. Não podemos descansar quando existe o fator vida humana”, frisou.

O diretor lembra ainda que a Represa de Três Marias está com 65% de sua capacidade. “Este reservatório que fica a montante de Pirapora pode chegar a 80%. Então, o monitoramento do rio é diário. Estamos conversando com a Cemig, com os ribeirinhos e com a Policia Militar Ambiental, enfim, todos em alerta para qualquer eventualidade”, ressaltou o diretor do SAAE.

CBHSF

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