quinta-feira, junho 09, 2016

2° Encontro de Assessorias de Comunicação das Prefeituras Pernambucanas debate mudanças nas eleições municipais


A Associação Municipalista de Pernambuco (AMUPE) promoveu na terça-feira (31/05/16), o 2° Encontro das Assessorias de Comunicação das Prefeituras Pernambucanas. O evento, realizado na sede da instituição, teve como tema principal “O papel do assessor de imprensa e da mídia nas eleições municipais”, reunindo profissionais de todo o Estado para discutir as atualizações e inovações para as regras das eleições a serem realizadas em 2016.

Para a abertura do encontro, o ex-presidente da Amupe José Patriota frisou a importância do evento para os municípios pernambucanos, e do papel internet para o cidadão, que passa a ter uma voz mais ativa por meio das redes sociais. “Há uma dificuldade natural em vincular as pautas positivas das pequenas cidades nas grandes mídias especializadas, principalmente as mais distantes das capitais e polos. Por isso, é fundamental para as assessorias divulgar os fatos e ações positivas de todos os municípios”. Por fim Patriota falou que se deve ter uma maior representatividade do interior nas mídias das capitais, assim os cidadãos interioranos terão a chance ver seus municípios noticiados devidamente nos jornais.

Para mediar a mesa temática “As Eleições e as Mídias Sociais”, a prefeita de São Bento do Una, Débora Almeida, tratou do papel das mídias sociais para as campanhas eleitorais. “No período de crise, inclusive dos meios de comunicação, é preciso eleger prioridades para as ações das campanhas eleitorais. Com isso, as mídias sociais ganham destaque, com ressalvas para as boas informações e para a veracidade dos conteúdos”.

Dando início à mesa, o jornalista e blogueiro Magno Martins apresentou algumas das características das redes sociais para a campanha eleitoral de 2016. Como Magno Martins destacou, mais pessoas estarão engajadas no meio político, como por exemplo, os movimentos e passeatas organizados pelas redes sociais. “Uma das consequências que a nossa atual crise política proporcionou é de que os jovens agora estão acostumados a ver e interagir com conteúdos políticos em suas linhas do tempo das redes sociais. A interatividade pode construir pontes de contato direto entre o candidato e os eleitores, já que a ‘verdade’ passou a ser considerada uma matéria prima da atualidade”.

A mensagem final do jornalista para os assessores ligados à política é: “usem e abusem das redes sociais, mas com a ressalva de que não adianta suas utilizações se o candidato não tiver conteúdo e credibilidade, pois qualquer mídia social aproxima como nunca o eleitor e o candidato”.

Ao início de sua apresentação, o jornalista e radialista Aldo Vilela provocou os participantes do encontro com um “exercício de sinceridade”:

- Quem aqui, ao acordar, consultou jornais impressos para se inteirar das notícias da atualidade? Quem utilizou o rádio? A televisão? E quem usou o WhatsApp?

Com esses questionamentos iniciais, Aldo destacou que, na realidade, é falsa a afirmação de que uma mídia desqualifique a outra, mas sim que elas podem se complementar. Sendo assim, cabe ao assessor se informar do uso adequado de todas as mídias, principalmente no que se refere aos conteúdos a serem veiculados. O papel do assessor numa campanha é o de entender e orientar o candidato, principalmente em relação às normas da campanha eleitoral. A mesa terminou com um debate entre os palestrantes sobre o cenário político atual do Brasil, com a participação do público com dúvidas e posicionamentos sobre os temas discutidos.

O marketing político e a multimídia nas eleições

Dando continuidade ao 2° Encontro de Assessorias promovido pela Amupe, o publicitário, especialista em marketing político, escritor, professor universitário, sócio-diretor de criação da Makplan e imortal da Academia Pernambucana de Letras (APL), José Nivaldo Júnior, dedicou a sua apresentação para desmistificar o conceito de marketing político na atualidade.

Segundo o publicitário, um ponto a ser desmistificado é o de que a prática do marketing político foi criada apenas no século XX. “Na realidade,ele existe desde o surgimento do jogo de poder, com exemplos na civilização romana, na política de Alexandre, o Grande, no período da Idade Média, nas civilizações indígenas da América Latina, dentre outras”. Para contextualizar o marketing com a política, o publicitário apresentou o conhecido conceito dos “5Ps”: o “Produto” como o candidato em si; o “Preço” como as promessas e expectativas oferecidas pelo candidato; o “Ponto” (de distribuição) como os aspectos geográficos e sociais a serem considerados pelo candidato; a “Promoção” como a imagem que o candidato deverá passar para os eleitores, e a “Propaganda” como a campanha política.

Para fechar o tema, José Nivaldo Junior recomendou aos assessores de imprensa e de comunicação que o diferencial das eleições deste ano será o perfil de seriedade, sensatez e experiência dos candidatos, que represente a renovação que a sociedade brasileira busca.

Aproveitando a pauta abordada por Nivaldo Junior, o também professor de Direito Empresarial pela UFPE Mauricio Rands, ressaltou que o pior produto do marketing no cenário político se dá quando o candidato acredita que possui todos os atributos destacados na sua campanha. “Muitas vezes, o candidato possui atributos artificiais, sem aderência, e uma má campanha de marketing faz com que o produto se distancie da realidade,em nome das conquistas das vitórias a todo custo. O marketing se torna positivo quando é verdadeiro, autêntico, e acredito que haverá um ímpeto maior da sociedade para a atenção ao produto que está sendo oferecido”.

As recomendações feitas por Mauricio Rands para os assessores de imprensa é a de analisar quais serão os pontos programáticos e de solução a serem explorados pelos candidatos, mas sem cair na “armadilha da percepção binária” quanto aos aspectos ligados à política.

Sobre a utilização da multimídia nas eleições, o vice-presidente institucional do Diario de Pernambuco salientou a importância dos grandes canais de produção da mídia. “Se o espectador possui cada vez mais acesso a informações, cabe a certos órgãos organizar os conteúdos produzidos, seja por meio da curadoria ou pela seleção das pautas. Sendo assim, os veículos que possuem credibilidade ainda terão o seu papel de relevância na comunicação e na sociedade”.

A primeira parte do 2° Encontro das Assessorias de Comunicação das Prefeituras Pernambucanas se encerrou com um amplo debate entre José Nivaldo Junior, Mauricio Rands e o público sobre o momento de crise política que o Brasil enfrenta, que serviu como exemplos dos temas discutidos pelos palestrantes, e como perspectivas do trabalho a ser realizado pelos assessores.

O IBOPE, as mídias sociais e outros recursos para as eleições municipais

Para o turno da tarde do 2° Encontro das Assessorias de Comunicação das Prefeituras Pernambucanas, o diretor regional do IBOPE Inteligência, Mauricio Garcia, apresentou uma série de estatísticas importantes para os participantes se atualizarem do momento político que o Brasil e os municípios enfrentam. Há uma queda de confiança dos eleitores e nos partidos, onde apenas 30% da população acreditam no sistema eleitoral e 20% acreditam nos partidos políticos.

Durante todo o ano de 2015, prevaleceu a avaliação negativa das administrações municipais, onde 46% dos entrevistados classificam as gestões como “ruim/péssima”, e 24% como “boa/ótima”. Porém, as prefeituras estão em melhor situação que os governos estaduais e Federal – 24% confiam no trabalho realizado pelos gestores municipais, 18% nos governadores estaduais e 9% no da atual presidente suspensa do Brasil, Dilma Rouseff. Sobre o atual cenário para as eleições deste ano, Mauricio Garcia destaca que deveremos ter um número recorde de candidatos à reeleição. “A eleição de 2016 será diferente de tudo que já foi experimentado até agora, seja pela crise política e econômica do Brasil, pelas novidades do sistema eleitoral e pela credibilidade abalada dos políticos e instituições”.

Na parte final de sua apresentação, o diretor regional do IBOPE reforçou a importância e possibilidades com as mídias sociais nas campanhas eleitorais, com exemplos nas ações realizadas pelos candidatos americanos Barack Obama (2008) e Donald Trump (2016), que dispensaram a utilização das grandes mídias em favor das redes sociais, e alcançam grandes êxitos de divulgação e até mesmo de arrecadação financeira. Apesar das devidas proporções, as ações e ferramentas utilizadas representam boas possibilidades para as campanhas eleitorais brasileiras.

O publicitário e gestor da TV Cidadão, Jota Barreto, focou a sua palestra nas técnicas de “inbound marketing” (marketing de atração), que consiste numa forma de publicidade on-line na qual uma empresa/cliente se promove através de blogs, podcasts, vídeos e outras formas de marketing de conteúdo, com destaque para as mídias sociais, que reconfiguram as relações entre os eleitores e os candidatos. O publicitário apresentou algumas dicas para os assessores de imprensa da utilização das principais mídias sociais da atualidade, como o Facebook e WhatsApp, que permitem uma utilização mais eficaz para as campanhas eleitorais.

A Amupe, com a parceria da advogada na área de Direito Público, Diana Câmara elaborou a cartilha “Eleições Municipais 2016”, para auxiliar os candidatos e partidos políticos que disputarão os cargos de prefeito e de vice-prefeito em chapa única (eleição majoritária) e vereador (eleição proporcional). A advogada foi convidada para apresentar os principais tópicos da cartilha para os assessores, e abriu espaço para os participantes para dúvidas e esclarecimentos durante a sua palestra.

No final da tarde os assessores foram sorteados com brindes da Rede Globo, livros da CEPE (Os Sertões), exemplares de Crônicas do Cotidiano de Gilberto Freyre (Diário de Pernambuco) e ainda receberam revistas e exemplares de jornais do Diario de Pernambuco, uma parceria que abrilhantou o evento.

Texto: Gustavo Augusto/AMUPE
Fotos: Cláudio Gomes e Alex Brassan

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