sexta-feira, julho 24, 2015

Mitos e verdades sobre depilação dos pelos pubianos em homens e mulheres


Para a dermatologista Claúdia Magalhães, que assina a coluna Questão de Pele noPortal NE10, os "cabelos" que nascem na púbis e na região perianal servem como uma barreira para diversos microrganismos. “Não é aconselhável tirar todos os pelos, os órgãos genitais ficam mais expostos a infecções. Por isso não é bom arrancar todos os pelinhos, mas é preciso levar em consideração a nossa cultura. Não dá para esperar que depois de tantos anos as pessoas deixem de se depilar porque não é tão saudável quanto apenas aparar com a tesoura. O importante é esclarecer que existem maneiras menos agressivas de fazer isto.”

Claúdia Magalhães lembra que, embora aparar os pelos seja maneira correta de cuidar desses pelos, a depilação à laser de áreas como a virilha pode ser feita com a técnica do laser. Definitiva, a técnica garante que aquela região não sofra anos com agressões. Mas se esta opção estiver fora do orçamento do indivíduos as outras opções são lâminas (giletes), máquinas que cortam ou puxam os pelos e, por último, a depilação por cera (quente ou fria).

“Há muitos mitos sobre as famosas giletes, mas na verdade existem algumas dicas que evitam a irritação da pele na hora que for raspar os pelos. Por exemplo, o correto é passar algum creme, pode até ser condicionador, no local a ser raspado. Em seguida, ao passar a lâmina, a pessoa deve seguir o sentido dos pelos. Para fazer o 'acabamento' só se deve passar a gilete contra os pelos apenas uma vez em cada lugar. Se repetir esse movimento a pele ficará irritada e pode causar foliculites”, detalhou a dermatologista.

Sobre a depilação em regiões mais íntimas, como nos grandes lábios ou perianal (próximo ao ânus), a médica alerta que, além na necessidade dos pelos para evitar infecções, essas áreas são muito sensíveis, podendo sofrer lesões facilmente. “Aquela área perto do ânus é composta por uma superfície submucosa, parecida com o nosso lábio. Imagine você passando uma cera quente ou uma gilete no local”, ressaltou Cláudia Magalhães que acrescentou: “De todas as técnicas de depilação a que mais preocupa é a com cera, principalmente porque todos os materiais precisam ser descartáveis, caso contrário é uma bomba de doenças, chegando a transmitir HPV, HIV e Hepatite B e C”. Além das infecções, a dermatologista lerta que ao puxar, muitos pelos acabam quebrando e causando o que é conhecido como "cabelo encravado", que pode gerar infecções muito mais sérias.

PREFERÊNCIA INTERNACIONAL - A cultura brasileira quanto à remoção total dos pelos pubianos é tão forte que ainda nos anos 80 essa técnica foi batizada de “Brazilian bikini wax”, depois de ser exportada para os Estados Unidos. Mais de 30 anos depois, um estudo realizado pela Universidade de Indiana e pelo Instituto Kinsey para Estudos sobre Sexo, Gênero e Reprodução em 2012 ouviu a opinião de 2.451 americanas e o resultado apontou que 87% das jovens entre 18 e 24 anos removem total ou parcialmente os pelos pubianos.

Não dá para esperar que depois de tantos anos as pessoas deixem de se depilar porque não é tão saudável quanto apenas aparar com a tesoura Cláudia Magalhães, dermatologista

A pesquisa também revelou que as mulheres adeptas da depilação íntima são mais confiantes e seguras em relação ao seu corpo, além de apresentarem maior índice de satisfação sexual. Elas também examinam mais os seus órgãos genitais, notando sempre que há alguma alteração. O levantamento também apontou que, entre as senhoras com mais de 50 anos de idade, 51% revelaram não ter sequer aparado os pelos nos últimos 30 dias.

A depilação de artistas brasileiras e internacionais se torna tema de comentários, principalmente em tempos de redes sociais, sempre que alguma delas estampa revistas com seus pelos fartos. Claúdia Ohana, Nanda Costa, Adriane Galisteu e Vera Fisher foram algumas das que causaram furor, em especial entre os homens, ao posarem para a Playboy com suas depilações (ou a falta delas). Já Lady Gaga, ícone internacional, também mostrou algo a mais na capa da Revista Candy.

OS MENINOS - Os rapazes, no entanto, não sofrem tanto com a falta ou excesso de pelos. Embora alguns prefiram manter-se com a púbis raspada, em geral para agradar as parceiras na hora do sexo oral, a maioria se preocupa pouco com o acúmulo de pelo em volta dos órgão genitais. Segundo o urologista pediátrico Rômulo Vasconcelos, que atua no Hospital do Câncer e da Restauração, no Recife, esses pelos servem muito mais como uma bússola cronológica sobre o desenvolvimento do homem com relação à puberdade do que como protetor de agentes externos como fungos e bactérias.

“Os pelos pubianos começam a surgir, geralmente, por volta dos 9 anos. A partir daí nós conseguimos identificar se o desenvolvimento do rapaz está dentro do esperado. Sobre raspar, pode-se dizer que não faz mal algum à saúde do corpo, mas que se puder fazer isso após os 18 anos é melhor. Começar a se raspar ainda na infância pode, inclusive, despertar a atividade sexual em uma idade em que o jovem ainda não é tão responsável nessas relações e não usa camisinha, por exemplo”, avaliou.

O outro lado da falta de preocupação com o corte dos pelos pubianos entre os homens pode causar problemas de saúde. “Enquanto entre as meninas a falta de pelo pode ser um perigo, o excesso de pelo pode causar problemas aos homens. Resto de urina, suor e células mortas se acumulam nos pelos e podem gerar infecções fungicidas. É um ambiente quente e úmido, ótimo para a proliferação desses microrganismos nocivos”, alertou Rômulo Vasconcelos.

Pelos servem muito mais como uma bússola cronológica sobre o desenvolvimento do homem com relação à puberdade do que como protetor de agentes externos como fungos e bactéria

A falta de hábito de aparar os pelos trouxe problemas ao bibliotecário Arnaldo Alves*, 47. A primeira vez que ele cortou o excesso de pelos foi aos 36 anos, quando precisou ir ao urologista por causa de um sangramento na glande. “Sentia um pouco de constrangimento em cortar meus pelos. Também tinha na cabeça que aquilo era símbolo de virilidade, masculinidade. Quando fiquei doente o médico alertou que precisava cortar”, relembrou o bibliotecário.

Arnaldo Alves também teve que se submeter a uma cirurgia de remoção do prepúcio (pele que recobre a glande). Segundo ele, o médico lhe alertou que após a primeira infecção, era passível de recaídas por causa do hábito de manter a púbis com os pelos mais volumosos. “Demorei um pouco para aceitar a cirurgia, mas depois que tive outra infecção eu decidi seguir a orientação. Hoje minha mulher me ajuda muito na hora de cortar os pelos, ela fica sempre no meu pé, cobrando, até mesmo para não ter mais nenhum problema”, contou Arnaldo.

NE 10

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