segunda-feira, março 16, 2015

Fernando Bezerra Coelho afirma que denúncias não têm fundamento e defende memória de Eduardo Campos

Foto: Divulgação

O Senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) fez nesta segunda (16/03) um pronunciamento sobre sua inclusão na lista da Procuradoria Geral da República para abertura de inquérito. O Senador afirmou ter ficado perplexo com o fato, afinal o nome dele só foi mencionando pela PGR uma semana após a entrega da relação ao STF. Fernando Bezerra destacou as fortes contradições entre os depoimentos de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef e defendeu a memória do ex-governador Eduardo Campos, também mencionado durante a investigação. Ele pediu ao STF celeridade nos trabalhos, para que os responsáveis pelas irregularidades possam ser de fato punidos.

Fernando Bezerra Coelho subiu à Tribuna pouco depois das 14h e iniciou o pronunciamento agradecendo aos pernambucanos, que desde o final da semana passada lhe prestam solidariedade. Ele relembrou a trajetória política, iniciada em Petrolina (Sertão do São Francisco) no começo da década de 1980 e ressaltou que em mais de 30 anos de atuação política jamais sofreu qualquer condenação. O senador garantiu estar tranquilo e confiar na Justiça. Ele voltou a afirmar que todas as reuniões que manteve com Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras, foram institucionais, para tratar de assuntos relativos ao investimento da companhia em Pernambuco e que jamais teve contato com Alberto Youssef. 

Confira abaixo o pronunciamento na íntegra:

Senhor presidente,

Senhoras senadoras, senhores senadores

Hoje ocupo a tribuna desta Casa para defender minha honra e uma trajetória política construída há mais de 30 anos, com muitos sacrifícios, esforços, coragem e uma disposição incansável para trabalhar em defesa do povo pernambucano. Esse povo generoso e destemido, que me honrou no ano passado com mais de dois milhões e seiscentos mil votos. Quero dizer para meus conterrâneos, homens e mulheres de Pernambuco, que as acusações fruto das delações premiadas não me abaterão e que continuarei firme na luta.

Como sempre fiz na vida, irei enfrentar de cabeça erguida e consciência tranquila os que me caluniam. A minha missão é redobrada, pois assumo aqui o compromisso de defender também a memória e o legado do nosso ex-governador Eduardo Campos, outra vítima de ataques sem nenhum fundamento. Eduardo não está mais aqui para erguer a sua voz. Portanto, cabe-nos a tarefa de fazê-lo com a mesma altivez.

Venho de Petrolina, do Sertão do São Francisco. Uma cidade que hoje está entre as mais prósperas do Brasil e lidera uma grande região produtora de frutas e vinhos. Graças ao trabalho de muita gente, o arranjo produtivo desta terra hoje emprega mais de 200 mil pessoas. Tenho orgulho de dizer que esta realidade contou com a colaboração de diversas lideranças políticas da minha terra e sobretudo de produtores e trabalhadores rurais. Gente que trabalhou duro, para transformar os sonhos em realidade e erguer do solo o maior polo de fruticultura irrigada do país.

Minha vida política como aqui nesta tribuna já afirmei, começou em 1982, quando disputei minha primeira eleição, conquistando o mandato de Deputado Estadual. Quatro anos mais tarde, fui eleito Deputado Federal constituinte e vim para Brasília ajudar a escrever a nossaConstituição. Em 1990, conquistei um novo mandato de Deputado Federal. Em 92, fui eleito Prefeito da minha cidade pela primeira vez. Honra a mim conferida pelo povo de Petrolina em outras duas ocasiões, em 2000 e 2004.

No campo do executivo estadual, fui Secretário de Estado de três importantes governadores: Roberto Magalhães, Miguel Arraes e Eduardo Campos, colaborando nas pastas de Governo, Agricultura e Desenvolvimento Econômico. Em 2011, indicado pelo meu partido, tive a oportunidade de servir ao Brasil como Ministro da Integração Nacional, na primeira gestão da presidenta Dilma Rousseff.

No ano passado, ao lado do meu companheiro de chapa, o governador Paulo Câmara, recebi a confiança da maioria dos pernambucanos, sendo o segundo senador mais bem votado do país, alcançando índice superior a 64 por cento dos votos válidos.

Em todo esse percurso, passando por tantas experiências distintas, jamais enfrentei qualquer tipo de condenação, fosse qual fosse a corte julgadora.

Porém, devo confessar que os fatos acontecidos nos últimos dias me deixaram absolutamente perplexo. Sem nenhuma justificativa ou argumento minimamente plausível, tive meu nome incluído entre os agentes públicos que estão sendo investigados na “Operação Lava Jato”. Deixo claro aqui que não temo as investigações. Tenho uma biografia que fala por mim, e a certeza de que jamais ultrapassei os limites determinados pela legislação brasileira e pela ética.

Mas o que espanta, neste caso, é que o Ministério Público Federal teve nada menos que quatro meses para analisar depoimentos, recomendar diligências, reunir material e fazer o trabalho que considerasse o mais correto. Passado esse período, foi criada uma enorme expectativa com relação à lista da Procuradoria Geral da República, entregue ao STF no dia 4 de março.

Uma semana mais tarde, no dia 12, fico sabendo pela imprensa que o Ministério Público Federal resolveu adicionar meu nome à relação, sem que nenhum fato novo tivesse ocorrido. Uma atualização tardia e desconectada de sentido. Afinal, ainda faltam outros nomes? Alguém que deveria estar entre os investigados ficou de fora? Houve falha nos procedimentos iniciais? Ou foram pressões externas à estrita investigação dos resultados? São perguntas que a sociedade começa a fazer neste momento.

O Ministério Público sustenta sua tese com base em dois depoimentos: no do Sr Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, e no do Sr. Alberto Youssef.

Pois bem, vamos aos fatos, como eles são.

Com o Sr. Paulo Roberto Costa tive diversas reuniões e agendas, sempre para tratar de temas institucionais. Eu, na condição de SecretárioEstadual de Desenvolvimento Econômico, no governo Eduardo Campos, e ele como executivo da Petrobras. Como todos sabem, está sendo concluída uma grande refinaria em Pernambuco. Nenhum dos contratos para qualquer tipo de serviço na refinaria passou pelas minhas mãos. Todos, absolutamente todos, foram realizados exclusivamente pela Petrobras, sem qualquer gerência estadual.

Em 2010, não participei da coordenação da campanha à reeleição de Eduardo Campos. Portanto, nunca tratei de doações para aquela disputa com quem quer que fosse. Aliás, abro aqui um parêntese para fazer justiça a um amigo. Eduardo foi um gestor público sério, comprometido com as melhores causas democráticas e republicanas, e por isto mesmo deixou o governo com uma aprovação superior a 80 por cento. Todas as contas dele foram devidamente analisadas e aprovadas pela Justiça Eleitoral. Atacar Eduardo, agora que ele já se foi, é tentar macular a imagem de um grande líder que o Brasil perdeu de maneira tão precoce. Eduardo merece respeito pelo que foi e pelo que fez.

As contradições nos depoimentos dos delatores são evidentes, e isso ficará demonstrado no curso das investigações.

Qualquer cidadão que leia e coteje os depoimentos verá o quanto os fatos narrados, pessoas, empresas, e datas, são contraditórios entre sino que me dizem respeito. São duas histórias diferentes.

Nada há de concreto que pudesse ensejar um pedido de abertura de inquérito.

Dito isso, afirmo e reafirmo que não são verídicas as declarações do Sr. Paulo Roberto Costa contra a minha pessoa. Afirmo e reafirmo o que digo há bastante tempo: jamais tive qualquer tipo de contato com o Sr Alberto Youssef.

Estou absolutamente tranquilo quanto aos resultados do que for investigado, pois tenho em mim a consciência da verdade. As acusações constituem-se de depoimentos que não acham sustentação em mais nada neste processo. Recordo aqui um episódio que vi de perto. Em 1998, dura e injustamente acusado, mas dono de uma serenidade inabalável, o ex-governador Miguel Arraes afirmou que as palavras vazias seriam levadas pelo vento. Como de fato foram.

Quero agradecer aos homens e mulheres de Pernambuco, que ao longo desses últimos dias têm me prestado tantas manifestações de solidariedade. A força de vocês me incentiva ainda mais a prosseguir na luta em defesa de Pernambuco e do Brasil.

Agradeço ao meu partido, o PSB, na pessoa do Seu Presidente Carlos Siqueira pelo apoio a mim e à memória de Eduardo Campos.

Quero agradecer, de maneira especial, à minha família, pelo carinho e amor de uma vida inteira.

Quero continuar confiando na instituição do Ministério Público Federal, que desempenha papel fundamental dentro do atual contexto que vive nosso país e apelo para que possa dar celeridade a esta investigação, mas sei que poderei enfrentar uma batalha longa. Contudo, minha disposição em travar o bom combate e colocar a verdade acima de qualquer suspeita, é ainda maior.

Era o que eu tinha a dizer.

Assessoria de Imprensa - Senador Fernando Bezerra Coelho

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