terça-feira, agosto 06, 2019

Bolsonaro diz para empresários que vai privatizar os Correios


O presidente Jair Bolsonaro afirmou hoje a uma plateia de empresários que está tomando uma série de medidas para "destravar a vida de vocês" e anunciou: "Vamos privatizar os Correios". Foi aplaudido pelos presentes. Ele participou de cerimônia de abertura do 29º Congresso Expofenabrave em São Paulo. O evento é organizado pela associação de concessionárias de veículos.

Ele disse que mudou sua visão a respeito das privatizações. "Eu mudei. Era estatizante", afirmou, acrescentando que vem "aprendendo muito" com as pessoas que estão ao seu lado. "Já falei que não entendo de economia. Quem entendia, afundou o Brasil."

Bolsonaro vê sinais de recuperação da economia e crê que seu seu governo vem restabelecendo a confiança na classe política. "Nós estamos cumprindo o que diz a Constituição em relação à independência dos Poderes", afirmou. Ele lembrou que ainda haverá etapas de negociação sobre a reforma da Previdência no Senado, bem como para a reforma tributária,,que está em comissão especial na Câmara.

"Nossa situação [econômica] realmente ainda está um pouco complicada", admitiu. "As medidas vão aparecendo aos poucos", disse, citando a liberação de parcela do 13º e também dos saques do FGTS. "A maior contribuição que podemos dar aos senhores [empresários] é não interferir em seu trabalho, é tirar o Estado de cima de vocês", disse.

Ao ministro do Meio Ambiente, Bolsonaro afirmou que questões relativas a licença ambiental poderiam ser transmitidas à competência dos Estados. Ele voltou a criticar a divulgação de dados sobre desmatamento por parte do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). "Vocês não imaginam o prazer que eu tive de conversar com [o presidente da França, , Emmanuel] Macron e [a chanceler alemã] Angela Merkel. Eles não se deram conta ainda que o Brasil está sob nova direção. Tem presidente da República, poxa."

Países europeus questionam o comprometimento do atual governo com questões ambientais. Antes mesmo do anúncio do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, Macron disse em junho, durante a cúpula do G-20, que a França não assinaria o documento caso o Brasil saísse do Acordo de Paris, sobre o clima.

Já Merkel afirmou, também na cúpula em Osaka, no Japão, que via com "grande preocupação" as posições do presidente brasileiro em relação ao desmatamento. À imprensa na época, Bolsonaro rebateu dizendo que os alemães "têm a aprender muito conosco".

Nesta terça, Bolsonaro voltou a dizer que "maus brasileiros não podem divulgar números mentirosos, fazendo uma campanha negativa para o nosso Brasil", sem citar diretamente o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), cujo diretor foi exonerado após rebater críticas de Bolsonaro sobre dados de desmatamento divulgados pelo órgão.

"Isso é uma péssima propaganda para o Brasil lá fora. Quando falam que estamos desmatando, quando dados imprecisos são divulgados, quando números absurdos, caso fossem verdadeiros, como aquele que eu já desmatei mais de 88% da Amazônia... Eu sou o 'Capitão Motosserra'", afirmou, arrancando novas risadas da plateia de empresários.

O Inpe detectou aumento de 88% no desmatamento da Amazônia em junho de 2019, na comparação com igual mês de 2018.

Patrão

Ele também voltou a falar que é difícil ser patrão no Brasil. "Estamos facilitando a vida dos mais pobres sem fazer demagogia. É mais fácil defender emprego, tem mais votos. Eu defendo emprego, patrão e os que mais perdem, os desempregados." Ele encerrou seu discurso fazendo referência a uma possível tentativa de reeleição: "Em 2022 ou 2026 entregarei o Brasil muito melhor do que encontrei", afirmou.

Por Valor Econômico

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