terça-feira, junho 16, 2020

Empresa que firmou contratos de R$ 81 milhões com a Prefeitura do Recife tinha faxineira como sócia, diz PF

Coletiva de imprensa na sede da Polícia Federal, no Recife - FOTO: TV Jornal

Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira (16), a Polícia Federal detalhou a Operação Antídoto, deflagrada para investigar contratações emergenciais realizadas pela Secretaria de Saúde da Prefeitura do Recife em favor da empresa FBS Saúde Brasil Comércio de Materiais Médicos Eireli no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus (covid-19). Segundo a PF, uma das sócias iniciais da empresa, que firmou contratos na ordem de R$ 81,1 milhões em equipamentos hospitalares com a Prefeitura do Recife, era uma faxineira moradora no bairro do Passarinho, na Zona Norte da capital. Quando policiais federais chegaram no endereço da faxineira, ela confessou que assinou um documento a pedido de seu empregador, que não teve o nome divulgado. Atualmente ela não consta mais como sócia da FBS Saúde.

De acordo com o Ministério Público Federal, as apurações apontaram possíveis irregularidades em dispensas de licitação promovidas pela Secretaria de Saúde do Recife e vinculadas ao plano de combate à pandemia, com verbas do Sistema Único de Saúde. A prefeitura teria feito a contratação de R$ 81,1 milhões em equipamentos hospitalares da FBS Saúde Brasil em 14 contratos realizados com dispensa de licitação. Chamou a atenção o fato de a empresa ter um capital social de R$ 100 mil e apenas um funcionário registrado, embora as apurações indiquem outras pessoas como reais proprietários.


As investigações contra a FBS se iniciaram com uma suspeita da Controladoria Geral da União. Segundo a Polícia Federal, está sendo investigados se ocorreram crimes como dispensa indevida de licitação, peculato (que é o desvio de recursos públicos) e falsidade ideológica (que seria o uso de laranjas, falsos sócios da empresa). Na operação Antídoto, foram realizados oito mandados de busca e apreensão.

CASA DE PAPEL

Também na manhã, desta terça-feira (16), a Polícia Federal realizou a operação Casa de Papel que apura supostas irregularidades ligadas a empresa AJS Comércio e Representações Ltda. Essa empresa fechou contratos para fornecimentos de materiais hospitalares as seguintes prefeituras com os respectivos valores dos contratos assinados: do Recife, no valor de R$ 7,5 milhões, do Cabo de Santo Agostinho (R$ 600 mil), de Olinda (R$ 600 mil), Paulista (R$ 44 mil). Também estão na lista de suspeitas as prefeituras de Jaboatão dos Guararapes e Primavera que entraram posteriormente nessa investigação.

O nome Casa de Papel é porque a empresa é do ramo gráfico. De acordo com a delegada de Combate à Corrupção, Andrea Pinho, a empresa é de fachada, ou seja existe, mas não tem estrutura nem capacidade operacional para os contratos milionários que conseguiu fechar. A PF também suspeita que se o seu quadro societário seja formado por laranjas, pois não moram em locais simples, não tem passaportes, ocorrendo um descompasso com o capital social que a empresa apresenta no valor de R$ 5 milhões.

Por Jornal do Commercio
 

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