sexta-feira, junho 19, 2015

Operação Reconstrução: terreno vazio no lugar de casas em Maraial

 Deputados de Oposição em Maraial (Fotos: Bancada de Oposição/Alepe)
Visita sob chuva em Serro Azul, Palmares

No dia 18 de junho de 2010, vários municípios da Zona da Mata Sul de Pernambuco foram arrasados pelas chuvas que provocaram as maiores enchentes já registradas na história do Estado, atingindo milhares de pessoas. Cinco anos depois, a Bancada de Oposição na Assembleia Legislativa do Estado (Alepe) foi à Mata Sul para ver o que aconteceu com algumas obras que, mesmo anunciadas à época como fundamentais, foram completamente abandonadas.

A primeira visita dos parlamentares foi ao município de Maraial. Lá, constataram que aonde deveriam existir 744 casas dos Habitacionais São Salvador 1 e São Salvador 2, há apenas o terreno. O atraso na entrega dos imóveis já é de 03 anos e o investimento previsto à época era de R$ 31,5 milhões, de acordo com a Companhia Estadual de Habitação e Obras (CEHAB). A terraplanagem nos terrenos foi realizada, mas até hoje nenhum tijolo foi colocado na construção das casas.

“O que constatamos aqui é o abandono de uma obra que tiraria centenas de famílias das áreas de risco. Ouvimos relatos de pessoas que ao menor sinal da chuva já começam a se preocupar com o que pode acontecer com suas famílias”, descreveu o líder da Bancada da Oposição, deputado estadual Silvio Costa Filho (PTB).

Além dos terrenos abandonados, os parlamentares viram a lentidão da construção do cais do Rio Pirangi, também em Maraial. Com mais de 2 anos de atraso na entrega, a obra foi apenas 20% realizada. O investimento anunciado é de R$ 1,1 milhão.

A construção dos habitacionais em Maraial é uma reivindicação permanente dos moradores. Eles afirmaram aos deputados que receberam a promessa de reinício das obras do então candidato a governador do Estado, Paulo Câmara (PSB).

“Após o atual governador vir aqui e prometer às lideranças locais que as obras iriam ser retomadas, representantes do Comitê Gestor da Operação Reconstrução fizeram uma reunião na prefeitura, já em setembro, menos de um mês depois. Ali, anunciaram medidas para a retomada das obras”, informa um dos participantes da reunião, que prefere não se identificar. Ele afirma que o representante do Estado foi o Major Fabio Rosendo, coordenador de execução das obras. Segundo os moradores, algum tempo depois um galpão foi construído para abrigar os trabalhadores. “Não passou disso”, lamentam.

Também presente à visita, o deputado estadual José Humberto lembrou que já em maio de 2013, matéria publicada pelo jornal Folha de São Paulo revelava que o Governo de Pernambuco recebeu, em caráter emergencial, R$ 50 milhões do Ministério da Integração Nacional para obras de terraplanagem e R$ 151 milhões da Caixa Econômica Federal para a construção de 3.600 unidades em Maraial, Água Preta, Barreiros e Palmares. “Precisamos que o Governo do Estado preste contas à população, para explicar os motivos do abandono das obras”, cobra José Humberto.

Em Serro Azul, oposição verifica obras paralisadas e queixas da comunidade

Os deputados da Bancada de Oposição na Assembleia Legislativa também visitaram as obras da Barragem de Serro Azul, em Palmares, uma das cinco barragens prometidas pelo Estado dentro da Operação Reconstrução, para evitar que as chuvas voltem a inundar os municípios da Mata Sul cortados pelo Rio Una. A capacidade de armazenamento da barragem é de 300 milhões de metros cúbicos.

Os parlamentares verificaram que, ao contrário do que foi anunciado recentemente pelo Governo do Estado, as obras estão completamente paralisadas. No distrito de Serro Azul, a comitiva de deputados também conversou com representantes da comunidade, que denunciam o completo abandono por parte do Governo. Até agora, o Estado não relocou boa parte dos moradores que tem casas próximas à barragem e precisam sair da região. Muitos não receberam a indenização.

A entrega da Barragem de Serro Azul está atrasada em 02 anos. A ordem de serviço para sua construção foi assinada em 2012. A obra está orçada em R$ 320 milhões. Em 2013, o Governo Federal repassou R$ 70 milhões para a barragem. Em 2014, os recursos federais transferidos para o Estado já somam R$ 20 milhões.

Para o líder da Bancada da Oposição, Silvio Costa Filho (PTB), a relocação das famílias precisa ser tratada como prioridade pelo Governo do Estado. A retomada das obras também é outra reivindicação. “São dois os grandes problemas aqui. O primeiro é o desrespeito aos moradores da região, muitos tiram o seu sustento das terras que possuem. São pequenos agricultores, comerciantes. Eles não são contra a obra, mas só querem morar em um lugar seguro. O outro problema é o atraso na entrega da barragem. O Governo do Estado diz que as obras ganharam velocidade, após a sua retomada. Mas não foi isto o que vimos aqui. Está tudo parado”, reforçou.

Além de Silvio Costa Filho, participaram das visitas os deputados José Humberto (PTB), Bispo Osessio (PRB), Álvaro Porto (PTB), Julio Cavalcanti (PTB) e Edilson Silva (PSOL).

Alguns dados da Operação Reconstrução
· A Operação Reconstrução foi voltada para 41 cidades da Mata Sul e também do Agreste, que contabilizaram a devastação de 17 mil residências, 5 hospitais e quase 300 escolas, desabrigando 27 mil pessoas e tirando 20 vidas. A iniciativa envolveu o trabalho de 15 secretarias estaduais, com investimento anunciado de mais de R$ 2.19 bilhões. Deste total, R$ 1,1 bilhão destinado à construção de habitacionais.
· A construção das moradias para a população desabrigada ficou sob a responsabilidade da Companhia Estadual de Habitação e Obras (CEHAB). Ao todo, o Governo do Estado planejou construir com a operação 17.349 novas casas. A Bancada de Oposição questiona quantas foram construídas e efetivamente entregues à população.

Assessoria de Imprensa Bancada de Oposição/Alepe

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