segunda-feira, novembro 04, 2019

MEC libera R$ 115 milhões para aumentar acesso à internet nas escolas e viabilizar Enem digital




O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou, nesta segunda-feira (4), que a pasta liberou cerca de R$ 115 milhões para aumentar o número de escolas com acesso à internet. O objetivo é viabilizar a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em versão digital em todo o país, até 2026.

"Para o Brasil ter o Enem digital, a gente precisa dar condições para todos os jovens e crianças estarem iguais, estarem familiarizados com computador (...). Precisa estar conectado à internet. Estamos seguindo o fluxo, apesar de ser uma coisa óbvia, mas nunca foi feita a expansão", afirmou Weintraub, durante coletiva de imprensa em Brasília.

Segundo Jânio Carlos Endo Macedo, secretário de educação básica do MEC, a verba liberada é dividida em duas partes:

R$ 82,6 milhões serão direcionados a 24.500 escolas que ainda não têm conexão com internet de banda larga;
R$ 32 milhões irão para colégios que já possuíam acesso à internet, para que continuem conectados.

Além disso, o governo afirma que 7 mil escolas rurais já estão recebendo sinal via satélite.

Pré-requisitos para escolas

Para receber a conexão por banda larga, as escolas necessitam:

ter mais que 15 alunos;
disponibilizar, no mínimo, três computadores para uso dos estudantes;
possuir um computador administrativo;
apresentar ao menos uma sala de aula em funcionamento.

Os recursos serão liberados por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), administrado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento e Educação (FNDE). A transferência do valor deverá ser feita diretamente para as escolas municipais e estaduais.

A escolha das instituições de ensino beneficiadas ficará a cargo do Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle do MEC (Simec) e do PDDE Interativo (ferramenta de apoio à gestão escolar).

Enem digital

Em julho de 2019, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) anunciou que o Enem deixaria de ser aplicado em papel a partir de 2026.

A transição para a versão digital começará, segundo o órgão, em 2020, com um projeto-piloto para 50 mil candidatos, de 15 capitais.

A seguir, confira os principais pontos das mudanças anunciadas naquela data:

A aplicação digital em 2020 será em 15 capitais brasileiras: Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Paulo (SP);
A adesão dos candidatos será opcional no ato de inscrição, até um total de 50 mil participantes, o equivalente a 1% do total de inscritos;
O valor da inscrição será o mesmo para todos os participantes;
O Inep estima investir cerca de R$ 20 milhões no projeto-piloto de 2020, e não pretende comprar novos computadores, mas sim usar equipamentos de instituições de ensino localizadas nas cidades participantes;
Entre 2021 e 2025, o Inep ampliará o número de aplicações do Enem digital, ainda em formato piloto e participação opcional;
A partir de 2026, o Enem será 100% digital;
Tanto as provas objetivas quanto a prova de redação serão feitas em formato digital no piloto;
O Enem para Pessoas Privadas de Liberdade (PPL) só passará ao formato digital a partir de 2026.

Conteúdo do Enem 2019

Durante a coletiva de imprensa, o ministro não comentou sobre o Enem 2019. No domingo (3), mais de 3,9 milhões de candidatos responderam a 45 questões de Ciências Humanas e a 45 de Linguagens.

O Enem é conhecido por ser um exame focado em interpretação de texto e, na edição de 2019, essa característica esteve ainda mais presente. Mesmo nas questões de história e geografia, a maioria das respostas podia ser deduzida a partir dos enunciados e dos textos de apoio, segundo professores ouvidos pelo G1.

Entre os temas abordados nas questões, estavam:

Música "In this life", da cantora americana Madonna
Canção "O blues da piedade", de Cazuza e Frejat
O físico e astrônomo brasileiro Marcelo Gleiser
Trecho do livro "1822", de Laurentino Gomes, sobre Maria Quitéria, heroína da Guerra da Independência
Poema "Lua enlutada", da escritora brasileira Hilda Hilst
Bullying
Anorexia
Liberdade de expressão e discursos de ódio nas redes sociais
Refugiados
Direitos do idoso
Exposição de crianças na internet pelos pais, desde a gravidez
Relação entre agrotóxicos e a morte de abelhas, e como a produção agrícola pode crescer de forma mais sustentável

Redação

Os candidatos também fizeram a redação, cujo tema foi "Democratização do acesso ao cinema no Brasil". Na avaliação de professores ouvidos pelo G1, a proposta foi "inesperada, atual e fácil". Leia os comentários dos docentes.

A prova contou com quatro textos motivadores:

um trecho do artigo "O que é cinema", de Jean-Claude Bernardet;

um trecho do texto "O filme e a representação do real", de C.F. Gutfreind;

um infográfico do periódico "Meio e Mensagem", sobre o percentual de brasileiros que frequentam as salas de cinema;

e um trecho do texto "Cinema perto de você", da Ancine, a agência do governo brasileiro para o audiovisual. O excerto citava que que o Brasil ocupa uma posição ruim - 60º lugar - na relação de habitantes/sala de cinema. Há pouco mais de 2 mil salas, uma queda em relação à década de 1970.

O ministro da Educação também optou por não comentar a foto de uma prova do Enem, divulgada antes dos primeiros candidatos deixarem o local de provas.

No domingo, ele havia informado que um funcionário responsável por aplicar a prova registrou a imagem e a fez circular pelas redes sociais.

"A gente supõe que essa pessoa pegou a prova de ausentes e tirou foto da página da redação. (...) Agora ele vai ter que responder na Justiça. Vamos pegar essa pessoa e vamos atrás dela" - Abraham Weintraub

Por G1

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