sábado, agosto 03, 2019

Professor da UFMG apresenta tecnologia de reciclagem de rejeitos de minério ao CBHSF

Tecnologia desenvolvida na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) oferece uma alternativa de aproveitamento dos rejeitos de minério armazenados nas barragens a montante, as mais comuns no Brasil, semelhantes às que se romperam em Mariana, Brumadinho e às que ameaçam Barão de Cocais e São Sebastião das Águas Claras, em Minas Gerais.

O material (rejeito) quando processado por uma tecnologia denominada calcinação flash, transforma-se em uma espécie de cimento – pozolana – que serve como base para vários outros materiais, tais como concreto, argamassa e pelotas de minério, que podem ser utilizados na pavimentação de estradas, construção civil, agricultura, piscicultura. A técnica também recupera ferro para fabricação de aço.

O mentor da tecnologia, professor Evandro Moraes da Gama, Engenheiro de Minas, Geólogo de Engenharia e Hidrogeólogo, foi convidado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) para uma conversa sobre o assunto. Segundo o professor, a primeira medida que deve ser tomada pelo poder público é o descomissionamento das barragens a montante. “Há 17 anos, quando começamos a trabalhar com a reciclagem de rejeitos, já alertávamos as mineradoras e a sociedade civil sobre o fato de que não haveria barragem que segurasse a quantidade de rejeitos que estava sendo depositada”, conta Evandro.

A partir daí, após o descomissionamento, com a tecnologia existente seria possível retirar todo o resíduo e transformá-lo em produtos, proporcionando uma forma sustentável de gerir a cadeia da mineração. A pozolana, substância oriunda do processo de calcinação flash, pode ser utilizada no lugar do calcário na mistura feita para gerar o cimento tradicional. “Dessa forma, propiciamos também uma vida maior às jazidas de calcário”, explica Gama.

Para o presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, o assunto é do mais alto interesse do colegiado. O Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Rio São Francisco (PRH-BHSF) prevê, dentre seus eixos, a Segurança de Barragens. “Portanto, falando em nome dos usuários, da sociedade civil e do poder público, o CBHSF tem a obrigação de acompanhar o que está sendo feito em relação à legislação, às intervenções e às novas tecnologias”, afirma Miranda.

Durante a conversa, da qual participaram também o membro do CBHSF Marcelo Ribeiro e o diretor de comunicação, Paulo Vilela, o presidente do Comitê convidou o professor Evandro Gama para palestrar na próxima reunião Plenária do colegiado, que será realizada em dezembro deste ano, em Brasília. “O Comitê precisa de uma estreita aliança com a ciência e com a academia para avançar na enorme tarefa de fazer recuperação hidroambiental”, disse Miranda. E acrescentou: “Queremos dar um grande destaque a esse assunto. Você caiu do céu. O Comitê estava trabalhando exatamente essas ideias pioneiras. É preciso apresentar soluções ao invés de ficar apenas discutindo o desastre e suas consequências”.

Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Mariana Martins
*Fotos: Mariana Martins

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