quinta-feira, junho 05, 2014

Digital incrimina suspeito preso por morte do cirurgião Arthur

Corpo do médico Artur de Azevedo foi achado em
Jaboatão dos Guararapes, há 21 dias
Em 2010, Lula cumprimentou Cláudio Amaro Gomes. O
médico preso ficou responsável pela
internação do ex-presidente, que teve mal-estar durante
visita ao estado

A Polícia Civil confirmou, nesta quarta-feira (4), que foram encontradas as digitais do bacharel em direito Cláudio Amaro Gomes Júnior no recipiente usado para tocar fogo no carro do médico Artur Eugênio de Azevedo Pereira, encontrado morto em 13 de maio, em Jaboatão dos Guararapes. O delegado Guilherme Caraciolo, responsável pelo caso, reforçou que não tem dúvidas de que o médico Cláudio Amaro Gomes, pai do bacharel, é o mandante do assassinato. O crime teria sido cometido por conta de rivalidade profissional.

Câmeras da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) e da Secretaria de Defesa Social (SDS) mostram ainda o carro de Cláudio Júnior fazendo o mesmo percurso do carro do médico, na noite em que ele foi assassinado.

Após a prisão de pai e filho na terça-feira (3), a Polícia Civil de Pernambuco ainda busca os outros dois suspeitos, que seriam os executores do crime. A população pode ligar para o Disque-Denúncia, que garante o sigilo através do número (81) 3421-9595.

Em nota divulgada nesta quarta, a Polícia Civil informou que as circunstâncias exatas sobre os motivos da execução do crime ainda não podem ser divulgadas, para não atrapalhar o andamento das investigações. Segundo o delegado Guilherme Caraciolo, já existem provas suficientes para a denúncia dos presos. A assessoria do Real Hospital Português confirmou que Artur Eugênio e Cláudio Amaro faziam parte da equipe de cirurgia torácica da unidade.

Os dois suspeitos já se encontram detidos no Centro de Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife. Os dois devem responder por sequestro, homicídio duplamente qualificado, roubo e associação criminosa.

Família estarrecida
A viúva do médico, a também médica Carla Rameri Alexandre, falou, por telefone, à equipe do telejornal "Bom Dia Paraíba", nesta quarta-feira. Apesar da surpresa, a divulgação das primeiras informações sobre a investigação servem como alento à família. "Estamos um pouco estarrecidos com esse resultado, realmente um fato inesperado pra gente. [Mas] É um fôlego, num momento de tanta dor, [ter] algum grau de esclarecimento do que aconteceu com Arthur. Eles trabalharam juntos no Hospital das Clínicas, eu não sei exatamente o grau de contato diário, que ultimamente já não existia. Mas logo no início, quando chegamos ao Recife, Arthur trabalhava com doutor Cláudio e, um tempo depois, já não quis mais trabalhar com ele e permaneceu uma ligação pequena no HC. Continuo confiando muito na polícia, acho que ainda existem pontos a serem esclarecidos, mas continuam investigando e a gente está confiante nesse trabalho", comentou.

Prisões
Artur Eugênio foi arrastado por dois homens na entrada do prédio onde morava, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, na noite do dia 12 de maio. O corpo dele foi encontrado com marcas de tiros na manhã seguinte, às margens da BR-101, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana.

Cláudio Gomes foi preso em casa, no bairro de Boa Viagem, e o filho dele, em um restaurante na Encruzilhada, Zona Norte da capital, na terça-feira (3). A dupla teve a prisão provisória de 30 dias decretada pela Justiça.

Um revólver calibre 38 sem registro foi apreendido com Cláudio Júnior e passará por perícia no Instituto de Criminalística (IC), para saber se a arma foi utilizada na execução do cirurgião. O universitário não apresentava porte de arma. Aos policiais, ele explicou que estava andando armado porque estaria sofrendo ameaças. Segundo a Polícia Civil, o bacharel em direito já respondeu a um processo por porte ilegal de arma, em 1997, na Justiça do Rio de Janeiro.

A investigação aponta que desavenças profissionais entre Artur Eugênio e o médico teriam motivado o crime. Cláudio Amaro Gomes é gerente de assistência à saúde do Hospital das Clínicas (HC), ligado à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), de onde também é professor de cirurgia torácica. Ele e o filho foram detidos por policiais da Divisão Sul do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).

Entenda o caso

Artur Eugênio foi visto pela última vez na noite do dia 12 de maio, ao deixar o Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), em Santo Amaro, área central do Recife, onde trabalhava. De acordo com a assessoria de imprensa do HCP, imagens das câmeras de segurança do prédio registraram a saída dele do local por volta das 19h30. Depois desse horário, Artur ligou para a mulher e disse que ia visitar um paciente no Hospital Português. Após a ligação, ele não fez mais contato com amigos ou familiares. O cadáver foi encontrado com quatro marcas de bala: três nas costas e uma na cabeça.

Conforme a polícia, o carro da vítima foi queimado e abandonado no bairro da Guabiraba, Zona Norte do Recife, nas proximidades do Centro de Treinamento do Náutico.

Artur era paraibano e atuava no Hospital de Câncer de Pernambuco, Hospital das Clínicas, Imip e Português. Ele tinha família em Campina Grande e era formado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O médico era benquisto e descrito como uma pessoa calma -- o corpo dele foi enterrado no dia 15 de maio, em Campina Grande.

O médico detido nesta terça integra o corpo de direção do Hospital das Clínicas (HC). Em 2010, ele atendeu o então presidente Lula, que teve um mal-estar durante visita ao estado, e acabou sendo levado ao Hospital Português, na área central do Recife. Cláudio Amaro Gomes ficou responsável pela internação e receitou medicamentos anti-hipertensivos. Ao deixar a unidade de saúde, o ex-presidente cumprimentou o médico.

O currículo de Cláudio Amaro Gomes, disponibilizado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), mostra que ele é professor-adjunto da disciplina de cirurgia torácica do Departamento de Cirurgia do Centro de Ciências da Saúde da UFPE e chefe do Serviço de Cirurgia Torácica do HC. Graduado em medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco, em 1984, ele possui mestrado e doutorado em cirurgia pela UFPE. Ainda integra importantes colegiados e associações de classe.

G1 Pernambuco

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