sexta-feira, fevereiro 12, 2021

PSDB frustra plano do governador de São Paulo, João Doria, e mantém o pernambucano Bruno Araújo na presidência

Bruno Araújo - Foto/arquivo: Blog de Assis Ramalho

Em mais um revés para o governador de São Paulo, João Doria, a executiva nacional do PSDB aprovou nesta sexta-feira a permanência do presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, no posto por pelo menos mais um ano. Doria também desejava o posto, segundo aliados.

Após a decisão, que foi referendada numa reunião virtual, Doria falou em coletiva à imprensa sobre as disputas no partido e pregou "paz, respeito ao contraditório e entendimento".

A prorrogação do mandato de Araújo foi colocada à mesa após o grupo político de Doria aventar a possibilidade de assumir o comando do partido, postular sua candidatura a presidente em 2022 e afastar o deputado mineiro Aécio Neves, um antigo desafeto do governador paulista.

O movimento do governador de São Paulo deixou claro que ele está distante de obter apoio unânime no PSDB. A proposta de recondução de Araújo na chefia da sigla foi feita pelos diretórios regionais do partido — inclusive com a chancela de São Paulo, na tentativa de acalmar os ânimos — , e teve o aval de parte da bancada federal e de todos os sete senadores da sigla.


Em nota, o presidente estadual do PSDB e secretário de Desenvolvimento Regional na gestão Doria, Marco Vinholi, comentou sobre o resultado.“Parabenizo o presidente Bruno Araújo e os demais integrantes da executiva nacional que prorrogou os mandatos dos dirigentes partidários. Agora, é momento de continuarmos o enfrentamento à pandemia", disse Vinholi.

A ofensiva de Doria aconteceu após uma crise atingir o PSDB desde a eleição da Câmara dos Deputados, na semana passada, quando parte da bancada contrariou o apoio formal do partido e votou em Arthur Lira (PP-AL), candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro. O movimento de Doria sofreu forte reação interna após o assunto vir à tona numa reunião na segunda-feira com alguns líderes da sigla, no Palácio dos Bandeirantes.

Além de ver o seu movimentado frustrado, Doria ainda viu surgir um contraponto à sua candidatura com uma ala adversária do partido que passou a incentivar Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, a entrar na disputa pelo posto de presidenciável.

Pelo menos 13 dos 31 deputados da bancada do PSDB e um senador foram almoçar com Leite nesta quinta-feira, em Porto Alegre, e pediram ao governador para que se coloque em campo como pré-candidato e passe a viajar outros estados. Leite aceitou o convite e disse que não tem medo de prévias para a escolha de um candidato tucano.

Nesta tarde, Doria se descreveu como um defensor das prévias e lembrou que já havia passado por esse processo no partido em 2018 e 2018, quando venceu as disputas à prefeitura e ao estado.

— Eu sou filho das prévias. Não estou dizendo que sou candidato, que serei candidato. Mas apenas para ficar claro, que eu sou um defensor das prévias - disse Doria. — A minha posição é francamente favorável. É uma medida democrática, justa e correta. Ela é ativadora, irrigadora e entusiasma o partido que utilizar esse recurso, seja o PSDB ou qualquer outro partido.

O nome de Leite costuma ser citado ao lado de Doria pelo presidente Fernando Henrique Cardoso como entre as candidaturas mais fortes do PSDB para 2022. Nesta quinta-feira, Doria se reuniu com o ex-presidente. Segundo aliados, o encontro foi uma tentativa de baixar a poeira, já que o ex-presidente costuma pregar unidade na sigla.

— A posição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é de paz e harmonia, assim como a minha. Nós precisamos de entendimento, respeitando o contraditório. O PSDB tem uma história a preservar. Mas também tem histórias de contrapontos ao longo dos seus 30 anos. Isso nunca enfraqueceu o PSDB - minimizou Doria.

O Globo

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