sexta-feira, dezembro 25, 2020

Brasileiro fora do país terá 2ª dose ainda em 2020


Leandro e Midian com os filhos gêmeos de cinco anos começaram a se vacinar nos EAU — Foto: Amanda Leal/Arquivo Pessoal

A vacina contra a Covid-19 já é realidade até mesmo em países que não são aqueles de origem das grandes farmacêuticas como Estados Unidos, Inglaterra, China e Rússia.

Brasileiros que moram nos Emirados Árabes Unidos (EAU), por exemplo, como Midian Almeida e Leandro Lima, casal de 45 anos que deixou São Leopoldo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, para morar em Abu Dhabi há mais de cinco anos, já estão sendo imunizados.

Ele, que é professor de jiu-jitsu, tomou a primeira dose da vacina desenvolvida pela chinesa Sinopharm (que não está entre as vacinas previstas para o Brasil) há cerca de duas semanas. No fim do mês, tomará a segunda dose e, 15 dias depois, a terceira e última.

Como trabalha para o governo e para as forças armadas, foi imunizado logo no início da campanha nacional. Já ela, cantora e instrumentista, deve tomar a primeira dose na próxima semana, pois tem asma e é do grupo de risco para o coronavírus.

"Meu marido não teve problema nenhum. Disse que não sentiu absolutamente nada", afirma Midian. "Eu sou bastante religiosa, não sou adepta a teorias de conspiração, mas ficava apreensiva. Tenho dois filhos pequenos, não sabemos como vai ser. Mas aí tu começa a ler e a ouvir médicos e cientistas e vê que é o curso natural da vida", complementa.

As imunizações são agendadas e acontecem em centros de vacinação. As exigências são ter mais de 18 anos e bom estado de saúde. No início, segundo ela, a procura foi grande, mas o processo bastante ágil e simples facilitou a adesão do público.

"O governo comprou e disponibilizou na rede pública. Duas semanas de campanha para todos se vacinarem. Só agenda no órgão do governo e faz. Demora 5 minutos. A gente não sabe a efetividade, mas é uma maneira de as pessoas se sentirem seguras", comenta a artista.

Medidas rígidas

De acordo com os estudos da farmacêutica, a eficácia nos testes foi de 86%. Mas a proteção não depende apenas dela. As medidas rígidas de segurança sanitária ajudaram para que os Emirados Árabes Unidos tenham registrado 645 mortes, conforme levantamento da Johns Hopkins University.


Midian conta que teve a atenção chamada por uma mulher em um mercado por estar a uma distância inferior ao determinado, e também relata que um amigo foi multado em 3 mil dirrãs (cerca de R$ 4,2 mil) porque um policial considerou que ele estava próximo demais do mecânico que fazia reparos em seu carro.


"Nos meses de verão (junho a agosto), tinha toque de recolher. [Era] 20h e todo mundo ia pra casa, com mensagem por celular, e começavam a sanitizar as ruas. Moro em um avenida principal, e dava pra ver que faziam um trabalho de limpeza, [aplicavam] multas altíssimas a quem desobedecesse protocolos como o distanciamento. Reuniões com muitas pessoas não podem, só parentes de primeiro grau e no máximo 10 pessoas", cita.

'Vejo o cuidado que um governo tem com seus cidadãos'

Nos Emirados Árabes, a vacina não é obrigatória, mas recomendável a todos os cidadãos ou residentes. Em Dubai, outro emirado próximo, onde Midian trabalha aos finais de semana, a vacina aplicada é da Pfizer e BioNTech.

Embora seja um emirado mais flexível nas normas, a artista conta que precisava fazer teste para a Covid-19 antes de ingressar em Dubai todas as vezes que ia ao local onde se apresenta.

A forma como as informações foram disseminadas, por parte do governo central, é considerada por ela determinante para o baixo número de óbitos registrados, em comparação com o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde moram seus familiares.

"Tenho uma irmã que se recuperou da Covid e está tratando as sequelas. Teve que ver de perto para entender, uma vez que tem um governo que não acredita e propaga informações que não são as ideais. Do outro lado do mundo vejo o cuidado que um governo tem com seus cidadãos e co-cidadãos. Temos direito a um teste gratuito por mês. Estão cuidando do país. Isso é uma coisa gritante. Fico chocada com esse desmerecimento que o governo brasileiro dá [à pandemia]", critica.

Por Matheus Beck, G1 RS

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