domingo, abril 02, 2017

Precariedade no atendimento a doentes mentais é tema de encontro entre associações e Ministério da Saúde

Em 30 de março comemorou-se o Dia Internacional do Transtorno Bipolar, que aflige hoje 27 milhões de pessoas em todo o mundo

A Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA) promoveu recentemente em sua sede em São Paulo um encontro com o coordenador geral de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas, do Ministério da Saúde, Dr. Quirino Cordeiro, e outras associações ligadas à questão do apoio ao doente mental e seus familiares, para apresentar um conjunto de reivindicações e sugestões para aprimorar a realidade do tratamento e assistência ao portador de distúrbio mental.

A iniciativa da ABRATA e das outras associações foi enfatizar ao novo coordenador algumas das questões consideradas vitais pelas entidades para a melhoria do atendimento e acolhimento a pessoa com transtornos mentais, tais como a melhoria dos atendimentos nos CAPS e ampliação da sua capilaridade, atendimentos em residências terapêuticas, criação de leitos psiquiátricos em hospitais gerais, manutenção de alguns dos hospitais psiquiátricos e criação de ambulatórios especializados em psiquiátrica.

“As políticas públicas devem fundamentalmente trazer benefícios para a sociedade. Hoje tentamos criar uma agenda de ações pautadas em questões técnicas e não ideológicas. Temos o projeto de criar um fórum que congregue todas as associações relacionadas com as doenças mentais para criar um ambiente produtivo de discussões”, explicou Quirino Cordeiro.

A presidente da ABRATA, Neila Campos, aproveitou a ocasião para detalhar as ações feitas pela associação. “Nossa missão é levar esperança, acolhimento, apoio e educação para a melhoria da qualidade de vida às pessoas com transtornos de humor e seus familiares”. A associação tem 17 anos e possui um conselho científico composto por 12 profissionais, que norteia toda a sua atuação.

No ano passado, a ABRATA alcançou 3 milhões de pessoas com as atividades promovidas e informações distribuídas. “Temos hoje cerca de 6 mil associados entre familiares e pessoas que apresentam o transtorno do humor. “Nossa gestão é feita por familiares e portadores no modelo do voluntariado. E no modelo de atuação que temos –atividades psicoeducacionais e grupos de apoio a portadores pessoas com o diagnóstico de depressão e transtorno bipolar e a familiares e palestras e encontros – essa sensação de pertencimento que é tão importante para os portadores pacientes e seus familiares se fortalece e conseguimos contribuir a recuperação da auto-estima desses indivíduos.

A ABRATA tem sede em São Paulo e conta desde o ano passado com uma unidade em Santos (SP). “Já temos interesse expresso de mais três estados que se interessaram em contar com uma unidade da ABRATA e seus grupos de apoio”, conta a presidente da associação.

No encontro, Neila enfatizou um dos objetivos centrais da atuação da associação e uma das intenções expressas da ABRATA junto à coordenação de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas: a reinserção do doente mental ao âmbito social. “Temos uma carência importante de profissionais que compreendam as características da doença mental e que demandam treinamento especializado. Além disso não há estrutura hoje para oferecer continência e suporte aos portadores leves ou àqueles que estão sem manifestação de crises, mas que dependem de medicação e tratamento terapêutico. Precisamos de campanhas de conscientização sobre a doença mental entre os profissionais de saúde e também para a sociedade em geral para que se promova a inclusão dessas pessoas no ambiente de trabalho e no convívio social como um todo”.

Quirino encerrou a reunião com o compromisso de desenvolver a discussão e deixou a porta aberta para o desenvolvimento de uma projeto conjunto entre coordenação e associações para replicar na rede pública modelos em uso na Abrata e em outra entidades.

Participaram também do encontro a ABRE- Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Esquizofrenia, o APTA/DF - Núcleo de Mútua Ajuda às Pessoas com Transtornos Afetivos, associações que colaboraram com a construção da pauta para esta reunião.

Dia Mundial do Transtorno Bipolar – No dia 30 de março comemorou-se o Dia Mundial do Transtorno Bipolar, iniciativa da entidade norte-americana International Society for Bipolar Disorders e apoiada pela ABRATA. A data é uma referência ao dia do nascimento do pintor Vincent Van Gogh, que foi postumamente diagnosticado como sendo, provavelmente, portador do transtorno bipolar.

O transtorno e seus desdobramentos afligem hoje 27 milhões de pessoas em todo o mundo, de acordo com o National Institute of Mental Health (NIMH) e é a 6a causa de incapacidade no mundo, segundo dados do World Health Organization (WHO). No Brasil, cerca de 6 milhões de pessoas são portadoras de Transtorno Bipolar(dados ABTB- Associação Brasileira de Transtorno Bipolar).

O objetivo do Dia Mundial do Transtorno Bipolar é atrair a atenção mundial para o Transtorno Bipolar e eliminar o estigma social e levar à população mundial mais informações sobre o transtorno com a finalidade de educá-la e assim melhorar a aceitação da doença. A iniciativa coincide com um esforço conjunto iniciado no Brasil pela ABP – Associação Brasileira de Psiquiatria e apoiado pelas associações correlatas para o lançamento da campanha “A Sociedade Contra a Psicofobia”, que prevê tornar a Psicofobia (atitudes preconceituosas e discriminatórias contra os deficientes e os portadores transtornos mentais.) um crime. “Além do transtorno em si, os portadores e seus familiares têm que enfrentar o preconceito e a desinformação, o que torna o processo ainda mais tortuoso. A informação é crucial para desfazer mitos e esclarecer a população e os portadores de transtornos mentais sobre sua condição e condições, mas também para fazê-los compreender que há uma grande oportunidade de integração social viabilizada pelo tratamento e pelo suporte de associações como a ABRATA e tantas outras que desempenham trabalhos de inestimável valor”, avalia Neila.

Sobre a ABRATA

Inaugurada em 1999, a ABRATA é uma associação civil, sem fins lucrativos, voltada à necessidade de atender pessoas portadoras de transtornos do humor: a depressão e o transtorno bipolar assim como seus familiares e amigos. A entidade é uma iniciativa dos próprios portadores, familiares e profissionais da área de Saúde Mental do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, através do GRUDA – Grupo de Doenças Afetivas do Instituto de Psiquiatria. Todas as ações da ABRATA são coordenadas e desenvolvidas pelo corpo de voluntários, suportados pela estrutura de uma Diretoria Executiva, um Conselho Fiscal e o Conselho Científico, composto por 12 profissionais. Por meio de palestras psicoeducacionais e dos grupos de apoio a familiares, portadores adultos e adolescentes, a associação promove a interação e facilitação entre todos os indivíduos que recorrem à ABRATA, com o objetivo de levar esperança, acolhimento, apoio e informação para todos.

Assessoria de Imprensa – ABRATA/Conteúdo Empresarial - Comunicação Integrada

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