domingo, maio 25, 2014

391 policiais civis e militares de PE foram expulsos em 13 anos


“Um policial bandido é um bandido extremamente qualificado. Ele conhece as estratégias e foi treinado pelo Estado. Mas prefere ser a banda podre. Eles formam uma minoria e devem saber que, se errarem, vamos pegá-los.” A declaração sincera e firme é do corregedor-geral da Secretaria de Defesa Social, Sidney Lemos. Natural do Maranhão e delegado recém-aposentado da Polícia Federal, é ele o homem responsável por punir os maus policiais em Pernambuco. Desde 2001, quando a Corregedoria-Geral foi criada, 391 policiais civis e militares, incluindo bombeiros, foram expulsos da corporação. Perderam o direto de usar a arma, a farda e o distintivo depois de terem respondido a um processo disciplinar administrativo, com direito à ampla defesa e ao contraditório. Ao final, restou provado o envolvimento no crime.

A “banda podre”, como o corregedor classifica os que caminham fora do trilho, é, de fato, minoritária. Representa 1,4% da corporação. Atualmente, na ativa, são 27.562 policiais civis e militares. A PM é a mais numerosa das corporações, com 19.608 membros. A Polícia Civil tem 5.172 integrantes. E o Corpo de Bombeiros, 2.782.

“É justamente para não deixar que a parte podre influencie o restante de homens de bem que existe a Corregedoria. Nosso trabalho é para manter o elo entre a polícia e os cidadãos”, completou Sidney Lemos, do gabinete de onde comanda, há pouco mais de três anos, uma equipe de 219 civis e militares. Eles formam a polícia da polícia. O corredor que dá acesso à sala está sempre protegido por policiais designados para fazer sua segurança pessoal. É parte do ônus de ser corregedor.


O destino dos servidores públicos investigados passa, obrigatoriamente, por um casarão antigo por fora, e moderno por dentro, localizado na movimentada Avenida Conde da Boa Vista, área central do Recife. O muro alto impede a visão do interior do imóvel, sede da Corregedoria-Geral. Na tarde da última quinta-feira, Sidney Lemos e o corregedor-adjunto, o delegado da Polícia Civil Paulo Barbosa, explicaram ao JC os trâmites burocráticos que levam o mau policial à expulsão.

“Uma polícia só é forte e confiável se tiver uma corregedoria forte. Nossa estrutura ainda não é a ideal para a demanda. Precisaríamos de mais 50 homens para trabalhar nas condições perfeitas. Mas estamos caminhando. O fato da investigação contra policiais denunciados ser tocada de forma independente já é um avanço”, comenta Sidney Lemos.

A apuração, composta por oito etapas, conta sempre com a participação de um promotor do Ministério Público. O processo não tem prazo para ser finalizado. A depender da complexidade, o caso pode ser estender por anos. O ex-chefe da Polícia Civil Aníbal Moura começou a ser investigado em dezembro de 2010. Só no último dia 6 teve a punição publicada no Diário Oficial do Estado. Já aposentado, foi condenado por causa da acusação de comandar uma empresa de segurança privada, o que é vedado a policiais, intimidar ex-funcionários e induzir empregados de uma nova empresa a contrair empréstimos em bancos. Perdeu o direito à aposentadoria. Mas pode recorrer da decisão à Justiça.

Jornal do Commercio

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