quinta-feira, maio 20, 2021

Duas doses de AstraZeneca podem ter até 90% de efetividade contra Covid-19, diz agência britânica



Duas doses da vacina Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19 podem ter cerca de 85% a 90% de efetividade contra o desenvolvimento da doença, disse a Public Health England (PHE), agência pública de saúde da Inglaterra, nesta quinta-feira.

— Os dados são impressionantes — diz Mauro Schechter, professor titular de Infectologia da UFRJ — Em especial por envolver tanta gente, ser um dos países com melhor serviço de saúde pública do mundo, que testa a beça, é muito informatizado, além de ser o berço da epidemiologia.

No relatório de vigilância semanal, a Public Health England informou que a efetividade estimada da vacina AstraZeneca, desenvolvida na Universidade de Oxford, foi de 89% em comparação com pessoas não vacinadas. Isso se compara à eficácia estimada de 90% contra doenças sintomáticas para a vacina Pfizer-BioNTech.

Com apenas uma dose da AstraZeneca, a efetividade na prevenção dos casos sintomáticos varia entre 55% a 70%. O resultado é o mesmo para a vacina da Pfizer. Ainda não foram divulgados dados sobre a efetividade de duas doses da vacina da AstraZeneca sobre hospitalização, mortalidade ou transmissibilidade.

A PHE informou que as descobertas preliminares são as primeiras de seu tipo sobre a efetividade de duas doses da AstraZeneca no mundo real, mas advertiu que os resultados são de “baixa confiança”, uma vez que “poucas evidências estão disponíveis no momento e os resultados são inconclusivos”. O alerta seria uma questão estatística, já que menos pessoas no país vêm contraindo o Sars-CoV-2:

— Tudo depende do número de casos que você tem, quando há muitos casos o intervalo de confiança é pequeno, então existe muita confiança nos resultados. Quando há poucos resultados, o intervalo de confiança é grande e a certeza é menor — explica Schechter.

Até maio de 2021, o percentual de ingleses vacinados com a primeira dose da vacina foi de 49,4% e com a segunda dose, foi de 27,8%.

Para Natalia Pasternak, microbiologista, presidente do Instituto Questão de Ciência e colunista do GLOBO, mesmo o estudo mostra um quadro muito positivo:

— Os resultados são excelentes, mostrando uma efetividade para prevenção de doenca maior do que a observada nos testes clínicos. Alguns fatores devem ser levados em conta antes de extrapolar o resultado para outros países, a presença de variantes diferentes, e a observação do lockdown. Em locais com maior circulação da doença e com variantes diferentes, essa efetividade pode variar. Mas ainda assim, excelentes resultados de mundo real.

A vacina de Oxford/AstraZeneca é a maior aposta do governo brasileiro, que fechou contrato de compra com previsão de transferência de tecnologia do imunizante para produção no país pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Efetividade Coronavac

A efetividade da vacina da CoronaVac também vem sendo estudada no Chile. Dados atualizados, divulgados pelo Ministério da Saúde do país, com 10,2 milhões de participantes, mostram que a vacina previne em 66,3% contra casos sintomáticos da Covid-19, 87% das hospitalizações, 90,3% na admissão na UTI e 86% contra morte.

A atualização dos dados é feita mensalmente. Em relação a abril, houve melhora expressiva na prevenção de mortes, que passou de 80% para 86%, e leve aumento na internação em UTI, que foi de 89% para 90,3. Especialistas celebraram os bons resultados da vacina da farmacêutica chinesa Sinovac, que está sendo produzida no país pelo Instituto Butantan.

Por O Globo

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