quinta-feira, novembro 06, 2014

Seminário discute como a mulher é vista na cultura, mídia e economia solidária


A importância da construção de um organismo capaz de traduzir a cultura como um importante veículo para as mulheres foi uma das questões levantadas na terça-feira (04/11) na II edição do Seminário “As Expressões Artísticas e as Questões de Gênero”. O evento, que lotou o Teatro Arraial, foi realizado pela Secretaria da Mulher de Pernambuco em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco e a Fundação do Patrimônio Artístico e Histórico do Estado (Fundaj).

Pioneiro no estado, o seminário abordou temas como a presença da Mulher na Gestão Cultural e na Economia Solidária, o Protagonismo das Mulheres nas Artes, Gênero, Cultura e Comunicação, além da Representação da Mulher no Audovisual.

Abrindo a primeira mesa, a representante da Fundaj, Silvana Meireles, falou da importância da mulher na transmissão do conhecimento na gestão política e lembrou que a pesar de as mulheres serem maioria do eleitorado brasileiro, elas têm uma representatividade mínima. “Temos apenas cinco secretárias mulheres à frente da gestão cultural e no Ministério da Cultura, que completa 30 anos este ano, houve apenas duas ministras”, desabafou.

Essa escassez de mulheres capitaneando as diversas atividades seja no setor público ou privado foi levantada também pela gestora Cultural da Prefeitura do Recife, Alzeneide Simões. Segundo ela, houve avanços, mas os salários das mulheres ainda são mais baixos do que o dos homens e quando se chega até a questão racial, aí a situação fica mais difícil.

Alzeneide revela também o fato de as mulheres serem maioria nos três ciclos de festividades do estado: carnavalesco, junino e natalino e, mesmo assim, sempre aparecerem como coadjuvantes. “A maioria dos blocos são formados e organizados por mulheres, a maioria das quadrilhas e pastoril também. Mas, quem aparece à frente é quase sempre um homem, ou seja, a mulher trabalha e é o homem que leva a fama”, revela.

A gestora argumenta que é preciso que as mulheres se empoderem mais e assumam de direito as tarefas que já fazem há muito tempo. “Gostaria de parabenizar a Secretaria da Mulher de Pernambuco por ter a coragem e atitude de realizar esse evento, pela segunda vez, trazendo à tona as discussões que são pertinentes ao fortalecimento da figura feminina, além de servir como meio condutor entre as iniciativas e os resultados”, concluiu.

Outro tema que também marcou o ciclo de atividades foi economia solidária. Taciana Portela, jornalista e produtora cultural, disse que a economia criativa é um setor mais amplo do que a questão da cultura. “Economia criativa é um conceito de disputa aqui no Brasil e a depender do lugar, toma um rumo diferente porque os setores que fazem parte dessa economia variam de país para país”, explica. Ela revela ainda que os princípios da economia criativa são diversidade cultural, inovação, inclusão social e sustentabilidade. Através deles se formam um ciclo: criação, produção, difusão ou distribuição e o consumo.

Já no período da tarde, foi discutida como a mulher é vista e exposta pela mídia. A professora de Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Soraya Barreto, apresentou diversas propagandas que fazem apologia à cultura do estupro. “A mídia ainda trata a figura feminina como símbolo sexual ou objeto de decoração e não como profissional. Esse tipo de propaganda não contribui em nada para a construção social”, explica. Ela dá um exemplo em que o ator Alexandre Frota publica um texto na internet em que diz: “Em um mundo perfeito, as mulheres poderiam ser compradas em um açougue”, denuncia. Soraya diz que essa visão precisa ser desconstruída e esse tipo de atitude deve ser denunciado ao Ministério Público.

O evento também contou com a participação da Secretária da Mulher de Pernambuco, Barbara Kreuzig, secretária da Mulher do Recife, Sílvia Cordeiro, a reitora do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), Cláudia Sansil, do Secretário da Secult, Marcelo Canuto, presidente da Fundarpe, Severino Pessoa e do representante do Minc, José Gilson Matias Barros.

A secretária Barbara Kreuzig, revelou que é preciso trabalhar a inclusão das mulheres, bem como a visibilidade no cenário cultural porque esse espaço ainda é muito pequeno. “Os homens ainda são maioria na escultura, pintura entre outras artes. As mulheres precisam liderar espaços de destaque no mundo das artes”, concluiu a secretária da Mulher.

Secretaria da Mulher do Governo do Estado de Pernambuco

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