quinta-feira, junho 05, 2025

Carla Zambelli entra em lista da Interpol e pode ser presa fora do país



Por Andréia Sadi, Juliana Braga

A Interpol incluiu o nome da deputada Carla Zambelli (PL-SP) na lista de difusão vermelha, e a parlamentar pode ser presa fora do país. A inclusão do nome na lista de procurados atende a um pedido da Polícia Federal após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A medida acontece após Zambelli deixar o país, dias após ser condenada a 10 anos de prisão por invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pela inserção de documentos falsos, incluindo um mandado de prisão falso contra o próprio Moraes no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).

Zambelli deixou o país pela fronteira com a Argentina, pela região de Foz do Iguaçu.

A deputada Carla Zambelli, PL, está foragida da justiça

Na manhã de quarta (4), a parlamentar estava na Flórida, nos Estados Unidos, segundo a assessoria.

Ainda na quarta, o ministro Alexandre de Moraes atendeu ao pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinou a prisão preventiva de Zambelli.

Em nota, a deputada questionou o fato de Moraes ter decidido de forma "monocrática" – individual, sem levar o caso a plenário.

"Denunciarei esse abuso, essa perseguição e essa escalada autoritária em todos os fóruns internacionais possíveis. O mundo precisa saber que, no Brasil, ministros do Supremo agem como imperadores, atropelando leis, calando vozes, destruindo famílias. Essa perseguição política está apenas começando a ser exposta", segue a parlamentar.

Bolsonaristas na lista da Interpol

Antes de incluir Carla Zambelli na lista da difusão vermelha, a Interpol já havia negado a inclusão de outros dois bolsonaristas. Os blogueiros Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio não foram incluídos após os países onde estavam fazerem novos questionamentos.

Allan dos Santos comandava o canal Terça Livre e foi investigado por apoio a atos antidemocráticos e divulgação de conteúdo falso. Ele foi para os Estados Unidos ainda em 2020. Em 2022, após um longo processo, a Interpol negou a inclusão por considerar que não havia informações suficientes sobre uma acusação de lavagem de dinheiro.

Já Eustáquio estava na Espanha quando foi feito o pedido para a inclusão do seu nome. Em 2023, o gabinete do ministro Alexandre de Moraes, que havia solicitado a inclusão, foi informado de que a Interpol não incluía pessoas com pedido de refúgio ou asilo político em outros países.

STF apreendeu, mas devolveu passaporte a Zambelli

Em agosto de 2023, a deputada chegou a ter o passaporte apreendido por determinação de Moraes, no contexto das investigações que levariam à condenação dela.

Depois, o passaporte foi devolvido, e, com isso, Zambelli ficou sem essa restrição para deixar o país.

Zambelli pode perder mandato

Com a condenação pela invasão aos sistemas do CNJ, Zambelli deve perder o mandato e ficar inelegível por oito anos. A inelegibilidade não depende do trânsito em julgado da condenação — quando não cabe mais recurso — e passará a valer a partir da publicação da decisão de condenação.

A contagem desse período, no entanto, começará depois de cumprida a pena, o que na prática deixará a deputada pelo menos 18 anos longe da vida pública. Zambelli ainda poderá apresentar recursos contra a condenação, os chamados embargos de declaração.




Por Andréia Sadi, Juliana Braga

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