Comissão da Alepe vai apurar participação de secretários de educação no esquema
Por Luiz Filipe Freire, da Folha de Pernambuco
Outras instituições situadas no Interior também podem estar envolvidas na prática que levou as Faculdades Extensivas em Pernambuco (Faexpe) à condição de rés em uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal (MPF). Conforme entidades, mais de 30 mil alunos de graduação e pós-graduação podem estar sendo lesados por casos de terceirização da atividade, em que uma empresa sem registro junto ao Ministério da Educação oferece cursos em parceria com instituições autorizadas. A presidente da Comissão de Educação e Cultura da Alepe, Teresa Leitão, vai convocar uma audiência pública sobre o assunto em agosto. A comissão vai analisar o envolvimento de secretários de educação no esquema.
Nos polos em que as aulas são ministradas, as condições são as mais atípicas. Há cursos de mestrado, por exemplo, que, segundo relatos, ocorrem em auditórios de hotéis de beira de estrada. A maioria, entretanto, utilizaria espaços de escolas públicas para aplicar uma carga horária, inclusive, menor que a exigida pela legislação. As apostilas são de qualidade duvidosa. “É material plagiado, com erros grosseiros de português”, contou a professora Lúcia Lima, que atuou na Faexpe por um ano e três meses. “São instituições com vida curta. Antes que a primeira turma se forme, elas somem com o dinheiro, pois sabem que não terão o registro para oferecer”.
No caso da Faexpe, estudantes de várias cidades do Sertão seguem com medo. O auxiliar de expedição Wilson Souza, de 19 anos, trabalha para poder pagar o curso de administração. A mensalidade atrativa - de R$ 166 - foi decisiva para que ele ingressasse na primeira graduação. “É nosso dinheiro e futuro que estão em jogo. A turma ainda está avaliando se vai entrar na Justiça”, afirmou. Outro aluno preocupado é Ronaldo Pinheiro, 40, que está no quarto período de administração em Petrolândia. “Chegar à metade e não saber se vamos poder concluir é complicado”.