terça-feira, maio 20, 2025

Ao STF, servidor diz que PRF ordenou abordagens a ônibus na eleição: “Havia desespero da cúpula” em coletar informações sobre os locais onde Lula tinha mais votos, e Bolsonaro, menos.


Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF, durante depoimento à CPI dos Atos Golpistas — Foto: Evaristo SA / AFP

Por: Manoela Alcântara e Jonatas Martins - Metrópoles

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), Adiel Pereira Alcântara, coordenador de análise de inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas eleições de 2022, afirmou que o ex-diretor geral da corporação Silvinei Vasques cobrava fotos das abordagens a ônibus.

Em  audiência realizada nesta segunda-feira (19/5), o servidor contou que a PRF ordenou um policiamento direcionado em algumas regiões durante as votações para presidente da República naquele ano.

Segundo o servidor, ele foi convidado para participar de uma reunião dentro da PRF, sendo presidida por Djairlon Henrique Moura, que atuava como diretor de operações da corporação naquele momento.

“Entre as pautas que foram discutidas na reunião,o inspetor de Djairlon, que era o diretor de operações, ele pediu um apoio ao diretor de inteligência, inspetor Reischak [Luís Carlos Reischak], para que a inteligência apoiasse a a área de operações no indicativo de abordagens de ônibus e vans que tinham como origem os estados de Goiás, São Paulo, Minas e Rio de Janeiro, e destino para o Nordeste”, relatou.

O relato de Alcântara indica que as orientações repassadas viriam do governo e a justificativa das ações seria “foco em segurança viária”. O ex-coordenador comentou com um colega que Silvinei Vasques, então diretor da PRF, teria sido “impróprio” nos pedidos de “policiamento direcionado”, de acordo com a denúncia da PGR, aceita pelo STF no caso do núcleo 1.

“O DG (diretor-geral) cobrou fotos das abordagens dos ônibus aos superintendentes. Eu era muito crítico à gestão do Vasques, porque ele estava muito próximo do ex-presidente e vinculando a imagem da corporação ao ex-presidente. Eu ouvi que era ordem do DG esse policiamento direcionado. Foram as nuances que fui juntando e cheguei a essa conclusão. Ele estava fazendo uma polícia de governo, não de Estado. Isso era muito ruim para a PRF”, afirmou Alcântara para o STF.

Clebson Ferreira de Paula Vieira, analista de inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e policial militar, demonstrou perplexidade diante dos pedidos de Marília Alencar e disse que havia um “desespero da cúpula” em coletar informações sobre os locais onde Lula tinha mais votos, e Bolsonaro, menos.

Por Metrópoles

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