sexta-feira, julho 16, 2021

Quase 20% de jovens internados morreram no país este ano


Mais pacientes com falta de ar, mais hospitalizações, mais jovens gravemente doentes e muito mais mortes entre quem precisou de internação. A segunda onda de Covid-19 no Brasil foi muito mais grave, em todos os sentidos, do que a primeira, revela um estudo que acaba de ser publicado no periódico científico Lancet Respiratory Medicine.

Dessa vez, a cepa predominante foi aquela identificada pela primeira vez em Manaus, no Amazonas, antes conhecida como P.1 e rebatizada como variante Gama pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os pesquisadores analisaram 1,18 milhão de internações entre fevereiro de 2020 e o final de maio de 2021 para comparar a primeira onda, em 2020, e a segunda, neste ano e que teve um pico de mortes no final de março. As internações aumentaram em 59%, e a mortalidade entre pacientes internados subiu em todas as faixas etárias depois que a variante Gama se espalhou pelo país. Mais de 40% das pessoas com Covid-19 que deram entrada num hospital em 2021 morreram. No pico da epidemia no ano passado, eram 33%. Dos jovens de 20 a 39 anos que precisaram de internação esse ano, quase 20% morreram.

"A partir do momento em que a P.1 se torna dominante, há um aumento expressivo do número de hospitalizações por semana, do número de pacientes com falta de ar, da necessidade de ventilação mecânica, além de maior mortalidade hospitalar", disse à BBC News Brasil o infectologista Fernando Bozza, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e um dos autores do estudo. Morte entre intubados explode A mortalidade entre quem precisou de intubação passou de 78,8% na primeira onda para 84% do final de dezembro a 25 de maio — a média mundial é de cerca de 50%.

Idade média de doentes caiu

A pesquisa também confirma o que profissionais de saúde vêm alertando: casos graves de Covid-19 estão aumentando entre pessoas com menos de 60 anos, inclusive os mais jovens. A idade média dos pacientes hospitalizados caiu de 63 para 59 anos. E a mortalidade entre os admitidos nos hospitais cresceu em todas as faixas etárias depois que a Gama se tornou dominante.

Entre pacientes de 20 a 39 anos internados quando o "vírus original" predominava, a mortalidade era de 11,2%. Na segunda onda, passou para 18,5%. Dos hospitalizados de 40 a 59 anos, 19% morreram na primeira onda, enquanto cerca de 30% morreram na segunda. Entre maiores de 60 anos, passou de 47,7%, para 54%.

Tribuna da Bahia, Salvador

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