Negociações rifam lançamento da petista neta de Miguel Arraes em Pernambuco e empurram o pedetista a seguir sem coligação. PCdoB lança Manuela D'Ávila, mas pode abrir mão dela por ex-presidente.
Em uma negociação de última hora, a cúpula do PT comemora ter conseguido sufocar a candidatura presidencial de Ciro Gomes (PDT) ao convencer o PSB a declarar neutralidade na disputa nacional ao invés de apoiar o nome do pedetista ao Palácio do Planalto. A movimentação reforça o lugar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo preso e virtualmente impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa, como principal nome da esquerda na disputa. Ciro e sua equipe contavam com a aliança com o PSB para ampliar o seu tempo de propaganda de rádio e TV, o número de parlamentares que fariam campanha para ele, assim como o recurso partidário que poderia ser investido em sua campanha - os 47 segundos de tempo que o PSB tem no horário eleitoral e os 118 milhões de reais do fundo eleitoral do partido não serão recebidos por nenhum presidenciável. Sem essa estrutura, a tendência é que o PDT lance chapa pura, na qual teria aproximadamente 30 segundos de tempo de exposição e 61,4 milhões de reais de fundo eleitoral – valor esse a ser dividido com concorrentes a todos os cargos, não apenas para presidente e vice.
"O PT está ensaiando uma valsa à beira do abismo", reagiu Ciro Gomes em entrevista na noite de quarta-feira ao canal GloboNews, se referindo ao provável veto legal à candidatura do petista. "Essa burocracia do PT não está pensando no Brasil", afirmou o candidato do PDT, que disse que não jogou a toalha na luta pelo apoio do PSB.
O isolamento do pedetista foi negociado pelos presidentes do PT, Gleisi Hoffmann, e do PSB, Carlos Siqueira, juntamente com governador de Minas Gerais e candidato à reeleição, Fernando Pimentel. Em troca da declaração de neutralidade, o PSB recebeu o apoio dos petistas nas candidaturas para governadores de quatro Estados: Pernambuco, Paraíba, Amazonas e Amapá. Por outro lado, os socialistas se comprometeram a retirar a candidatura do ex-prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, para o Governo mineiro, e declarar apoio a Pimentel. Também estão nas mesmas coligações na Bahia, Acre, Ceará e Maranhão (esta encabeçada pelo PCdoB).