Eu sou Santa Cruz de corpo e alma
e serei sempre de coração
Santa Cruz! Junta mais esta vitória Santa Cruz! Santa Cruz! Ao teu passado de glória. És o querido do povo o terror do Nordeste no gramado tuas vitórias de hoje nos lembram vitórias do passado Clube querido da multidão, tu és o Supercampeão.
Comemore, torcedor do Cruz. Vá às ruas. Grite, chore, cante. O Tricolor está de volta à Série A. Está de volta ao lugar de onde nunca deveria ter saído. E como foi difícil este retorno. Depois de nove agonizantes anos encarcerado nas divisões de acesso, a pena, enfim, foi cumprida. Foi escrita neste sábado , 21 de novembro de 2015, a história da maior reviravolta do futebol brasileiro. Em Itu, a vitória por 3 a 0 sobre o Mogi Mirim credencia o clube a disputar a Primeira Divisão em 2016. Para ficar nela, quem sabe, por muito e muito tempo.
Itu é conhecida por ter as coisas em tamanhos desproporcionais. Só que gigante mesmo foi a torcida Santa Cruz que tomou a cidade. Ela foi a síntese mais fiel da resistência do clube nos longos e lancinantes anos longe da elite. Na decisão no Novelli Júnior, não poderia ter sido diferente. Vinda dos mais variados lugares de Pernambuco, dos mais variados lugares do país, transformou o estádio no interior paulista em um pedacinho do Arruda.
Mais de mil representantes do sentimento de uma nação que ansiava pelo acesso, sofreram. Levaram sustos. O primeiro tempo empatado sem gols e com uma atuação frustrante da equipe aumentou a tortura. O sofrimento acabou no começo do segundo, com um gol de pênalti de Daniel Costa e outro de Bruno Moraes logo na sequência. Bileu completou a alegria. A partir de então foi só aguardar o apito final. Quando o jogo terminou, veio a redenção.
Antes mesmo do término da partida, muitos torcedores já se ajoelhavam, como se quisessem repetir uma penitência agora já cumprida pelo clube. Outros rezaram, se abraçaram. Outros não contiveram as lágrimas. Lágrimas de alegria. Alegria misturada com alívio. Lágrimas de paixão irremediável pelo Santa Cruz. Todos saudaram os seus jogadores, o time de guerreiros que nunca desistiu. Libertaram-se de uma cárcere que, no seu começo, parecia interminável.
O Santa teve uma trajetória com contornos de epopeia desde quando deixou a elite pela última vez, em 2005. Amargou três rebaixamentos seguidos e foi parar na Série D. Nesse tempo, sim, a torcida teve alegrias - como a conquista de três estaduais e acessos que tiraram o Tricolor de do fundo do poço até devolvê-lo para uma menos dolorosa segunda divisão. Porém, nenhuma foi tão singular e simbólica como a desta tarde - ironicamente, bem longe do Arruda. Neste domingo, os heróis do Tricolor serão aguardado por centenas de torcedores no Aeroporto dos Guararapes. A festa só começou.
Heróis do Santa Cruz
Tiago Cardoso; Vitor, Alemão, Danny Morais e Allan Vieira; Wellington Cézar, João Paulo, Daniel Costa (Vinícius Reche), Renatinho (Bileu) e Luisinho; Bruno Moraes (Raniel). Técnico: Marcelo Martelotte.
Diário de Pernambuco