A reportagem é de Diego Viana, publicada pelo jornal Valor, 22-08-2014.
A "terceira morte de Vargas" foi o termo que o cientista político Bolívar Lamounier escolheu, em artigo publicado em 1994, para referir-se à liberalização dos mercados, que abalou a estrutura protecionista da economia brasileira. A primeira morte de Vargas foi, naturalmente, seu suicídio, acossado pelas acusações de participação no atentado ao seu adversárioCarlos Lacerda (1914-1977). A segunda, o golpe de 1964, que derrubou seu herdeiro político João Goulart (1919-1976).
No entanto, ao mesmo tempo em que o chamado "getulismo" ou "varguismo" é uma página difícil de virar, os traços de sua permanência no Brasil contemporâneo podem ser difíceis de notar e provocam leituras díspares. "O único lampejo de getulismo em Dilma é remoto: crer que o Estado deve ser uma alavanca forte que impulsione setores. Isso corresponde a 10% do que foi o getulismo", afirma Ricardo Antunes, professor de sociologia na Universidade Estadual de Campinas(Unicamp).
Uma das prioridades do segundo governo de Getúlio, iniciado em 1951, era a modernização da infraestrutura econômica do país, privilegiando os setores energético e de transportes. Sua gestão era baseada no nacionalismo, dirigismo estatal e aproximação com o capital estrangeiro.