Então, Petrolândia é uma cidade que mora no meu coração.
Blog de Assis Ramalho: Você está lançando seu novo trabalho, que leva o nome
30 anos de sucesso. Depois de tantos anos de estrada, de tantos sucessos, você ainda tem a mesma motivação nos palcos, na hora de fazer seus shows?
Lila: Essa é uma boa pergunta porque, apesar desses 30 anos de sucesso, eu continuo com o mesmo entusiasmo até hoje. Eu mantenho a minha carreira do mesmo jeito que comecei, sempre abraçando os meus fãs, sempre agradecendo a Deus todos os dias por eu ter esses fãs maravilhosos. E é por eles que a gente faz a festa com esse entusiasmo que você me perguntou se ainda tenho. Então, esse entusiasmo e esse carinho dos fãs comigo, e meu com eles, é eterno, as emoções são sempre as mesmas. É, na verdade, uma troca de carinhos e as emoções são sempre renovadas sempre que a gente se encontra.
Blog de Assis Ramalho: De onde veio o gosto de Lila pela música e quem foi o seu, ou os seus incentivadores?
Lila: O meu pai foi meu grande incentivador. Eu tinha 14 anos quando ele morreu, e tinha pouco tempo que ele tinha me presenteado com um violão. Ele e minha irmã fizeram uma "vaquinha" e conseguiram me dar esse presente. Meu pai gostava muito de sanfona, de farra, de juntar a família, porque eu já venho de uma família de músicos. Eu tenho um tio que era cego e tocava rabeca, tem o meu primo Ivaldo, que foi o meu primeiro tecladista, quando eu comecei a minha carreira solo, e ele também é deficiente visual, mas é um grande talento, um grande sanfoneiro. Também tem Assisão, que é meu primo. Então, na família tem muita gente ligada à música. E o sonho do meu pai era que a gente fosse artista, e a gente, na época, já tocava dentro de casa para as visitas. Mas, infelizmente, o meu pai não chegou a me ver tocar e cantar nos palcos. E, depois de muitos anos de estrada, estamos aí, graças a Deus, fazendo aquilo que o meu pai me ensinou e me incentivou.
Lila: Tudo que você falou é verdade, porque não é fácil mesmo. Eu lembro da emoção do lançamento do meu primeiro LP, porque naquela época eram muitas as dificuldade para um artista gravar um LP. Enquanto, hoje, a gente tem uma gravadora dentro da nossa própria casa. Mas antes do LP, veio o sucesso através das fitas cassetes. A gente gravava os shows naqueles antigos gravadores e depois passava para as fitas. Depois, veio o sonho de gravar o primeiro LP, que foi muito difícil porque, naquela época, era uma coisa muita cara gravar um LP. Mas eu conseguir gravar. Depois do LP, eu gravei um CD, quando na época poucas pessoas ouviam falar em CD. Mas o sucesso só aconteceu mesmo foi no segundo CD.
Blog de Assis Ramalho: O primeiro CD não pegou? Não encaixou?
Lila: O sucesso do primeiro CD foi apenas regional e local. Fiz sucesso aqui em Petrolândia, Serra Talhada e em outras cidades onde a gente já tinha um certo nome em nível regional. Mas o grande sucesso veio mesmo no segundo CD, com a música de minha autoria
Coração tá ocupado.
Blog de Assis Ramalho: Você me falou, certa vez, que essa musica tem um significado muito especial pra você, porque você a compôs num momento em que estava sofrendo por amor.
Lila: (Risos) Verdade. Essa música eu gravei em 1988, e parece que foi ontem, tamanho o sucesso que ela ainda continua fazendo nos dias de hoje. Onde eu chego para fazer um show, lembram logo dessa música e se eu não cantar eu tenho que sair do palco de camburão (mais risos). E o engraçado de tudo isso é que essa música quase não foi incluída no repertório de gravação do CD, na época...
Blog de Assis Ramalho: Como assim? O seu maior sucesso por pouco não foi excluído, na hora de selecionar as músicas para gravar o CD? Conte pra nós essa história curiosa.
Lila: Foi assim: eu já tinha escolhido as 14 músicas que iriam ser gravadas. Na época, eu estava em Juazeiro da Bahia e estava indo no meu carro a Petrolina (cidade vizinha, em Pernambuco), quando eu compus essa música (
Coração tá ocupado). Quando eu estava passando pela ponte que separa as duas cidades, me veio aquele estalo, de repente, de eu fazer essa música. E eu comecei a fazer um trechinho da música, mas era aquela coisa pessoal, e quando a gente escreve coisa pessoal a gente fica meio...
Blog de Assis Ramalho: Meio como? Essa música nasceu através de uma paixão não resolvida?
Lila: (Risos) É verdade, ela nasceu de um sentimento que eu vivi. Mas, naquela hora, eu não estava pensando em compor nenhuma música, mas de repente surgiu aquele momento, e me veio a vontade de fazer o trecho da música. Então, eu já passei para Petrolina compondo na minha mente e cantando um trecho da música, que diz assim: "Quando passo pela rua que te vejo, já não sinto mais desejo, já não sinto mais amor". Aí, eu disse: "Pô! Legal, gostei!" Aí eu fui em Petrolina e voltei (a Juazeiro) com aquele filme na cabeça, (filme) daquela música. Quando cheguei em casa, eu peguei o caderno e escrevi a letra, peguei o teclado e daí surgiu a música. Mas, após eu concluir a música, fiquei com aquela dúvida na minha cabeça, e me perguntei: "Eu gravo ou não gravo?" e aí eu disse "Não vou gravar, porque é uma coisa pessoal". Mas depois eu voltei atrás e disse: "Ah! Quer saber de uma coisa? Eu vou gravar essa música. E gravei". Inclusive, até o título do CD eu já tinha escolhido, que era a música
Eu aceito o seu perdão, uma música de autoria de uma amiga minha, e que eu ajudei a terminar, e, na verdade, essa música foi o primeiro sucesso do CD. Mas, em seguida, a música
Coração tá ocupado bombou. E foi um estouro que dura até hoje, graças a Deus.
Blog de Assis Ramalho: Com tantas músicas que você canta e faz sucesso, você não sente dificuldade de fazer o repertorio dos seus shows?
Lila: É verdade, porque são muitas músicas e, por mais que a gente procure caprichar no repertorio, ficam sempre algumas de fora, que o público pede pra gente cantar na hora do show. E aí não tem jeito, a gente tem que quebrar o protocolo, porque eu sempre respeito essa parceria com o meu público. Então começa o show e o público começa a pedir "toca essa, toca aquela", e não está no repertório. Aí sobra para o meu maestro, Lauro - que é uma fera, sabe tudo de música -, que sempre dá um jeito e a gente improvisa e dá certo, porque a gente faz tudo por amor ao nosso público.
Blog de Assis Ramalho: Uma coisa que chama a atenção é que você está com o DVD de 30 anos de carreira, de história, de sucesso, e sempre cantando musicas românticas, sempre sendo fiel ao seu público. Você nunca quis pegar carona naqueles ritmos de músicas passageiras, como foi, por exemplo, a lambada dos anos 80. Fidelidade com o seu público é a sua verdadeira marca?
Lila: Olha, você falou aí uma verdade. Eu nunca quis nem vou querer mudar o meu restilo de música, porque, se fizesse isso, eu estaria traindo o meu público. E eu devo tudo ao meu público, que me acompanha por onde quer que eu vá. Eu jamais vou pegar carona em determinados ritmos de músicas, como você bem falou aí. Muitos cantores seguiram outras modas, mas eu nunca quis, e quem quiser me contratar já sabe: é com aquele repertório que o meu público gosta e que eu gosto também.
Blog de Assis Ramalho: Nota-se que você tem uma grande admiração pelo cantor Vicente Celestino, porque você está sempre cantando músicas dele. De onde veio essa admiração?
Lila: É verdade, eu sou apaixonada por Vicente Celestino. Tudo que eu queria gravar dele, eu gravei. Ele, com certeza, é o meu maior ídolo. Para que você tenha uma ideia, quando eu fiz 15 anos, a minha mãe me perguntou "Qual o presente que você quer ganhar?" e eu, em cima da bucha, disse: "Eu quero um LP de Vicente Celestino". Ele foi fenomenal, não só como cantor, mas como poeta e compositor. Quando se fala em Vicente Celestino, o que vem na mente das pessoas é a música "O Ébrio", mas não é só isso. Ele tem um grande acervo de boas músicas. O meu primeiro grande sucesso, nos tempos de fitas cassetes, por exemplo, foi cantando
Eu rasguei o seu retrato, música de Vicente Celestino. Na época, o meu sucesso com o público foi tão grande que, durante os shows, as pessoas traziam uma foto de namorados ou namoradas, com quem estavam brigados, para que eu rasgasse na hora em que eu estava cantando a música. E aí eu soltava a voz: "Eu sei também ser ingrata, meu coração já não te quer, eu ontem rasguei o seu retrato..." Então, essa é uma das muitas músicas que eu, ainda hoje, canto nos meus shows.
Blog de Assis Ramalho: Fora Vicente Celestino, qual ou quais os outros cantores que você admira?
Lila: Tem outros cantores que eu também admiro, mas eu sou apaixonada pela paixão nacional, que é Roberto Carlos. Eu sou apaixonada por ele, não só como cantor e compositor, mas como ser humano. Roberto Carlos é aquela coisa divina e Vicente Celestino foi um poeta.
Blog de Assis Ramalho: Se fosse para você escolher, qual música de Roberto Carlos você queria que a letra fosse sua?(Risos)
Lila: Nossa! Aí você foi longe, porque são muitas músicas do Rei que eu gostaria que fossem minhas (Risos). Mas, dessas muitas, eu escolheria "Meu querido, meu velho, meu amigo". E das muitas de Vicente Celestino, eu escolheria "Porta Aberta".
Blog de Assis Ramalho: Lila, gostaria de lhe agradecer por ter recebido a nossa reportagem, pelo carinho que você sempre teve conosco, e deixar o espaço aberto para suas considerações finais desta linda entrevista.
Lila: Muito obrigado a você, Assis, e queria lhe agradecer por sua humildade, por seu carinho, que você sempre demonstrou ter por mim, pela força que você tem me dado, me divulgando no seu Blog. E eu acompanho o seu Blog, estou sempre compartilhando as suas notícias porque somos amigos de Facebook. Então, muito obrigado e que Deus sempre lhe proteja. E deixo um beijo no coração de todos e até a próxima!
Para ver mais fotos da entrevista clique aqui>Blog de Assis Ramalho entrevista Lila
Para ouvir as músicas de Lila, no Palco MP3, clique aqui>Palco MP3.com/Lila Romântico/
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Redação do Blog de Assis Ramalho
Fotos: Assis Ramalho e Lúcia Xavier