Conforme matéria postada ontem neste Blog, o pároco Fernando Nivaldo Batista será transferido da Paróquia São Francisco de Assis, na cidade de Petrolândia, para Custódia, também no Sertão de Pernambuco. A transferência deve se concretizar no dia 30 deste mês.
Sobre a polêmica transferência, o Blog de Assis Ramalho entrevistou com exclusividade o Padre Fernando Nivaldo Batista. Ele também se disse surpreso com a mudança de paróquia, porém resignado à decisão tomada pela Assembleia Diocesana. Acompanhe na íntegra a entrevista
"Evidentemente que a notícia pegou todos de surpresa, inclusive a mim, mas essa é a dinâmica da Igreja, que após um tempo, a cada ano, cada Diocese faz a sua Assembleia Diocesana, um resumo das dioceses e das paróquias, e aí o Bispo, juntamente com o Clero, vê as necessidades de possíveis transferências ou mudanças de padres. E essas mudanças estão acontecendo, e o Bispo Dom Gabriel viu a necessidade de me enviar para Custódia, haja vista que aquela paróquia é maior do que esta, e lá tem um padre trabalhando sozinho e, segundo uma conversa que eu tive com o Bispo, o meu perfil se encaixaria com aquela paróquia, pela minha forma, pelo meu jeito e minha personalidade. Portanto, ele fez o convite e nos dispusemos a ir para aquela paróquia. Inclusive, eu já avisei durante a missa de domingo (passado, dia 16) que já neste próximo dia 30 (de novembro) eu devo estar tomando posse em Custódia.
Perguntamos se já estava desligado da Paróquia São Francisco de Assis e se já tinha data de ir embora
"Ainda estou ligado à Paróquia, mas fico aqui em Petrolândia somente até o dia 23 de novembro. Eu poderia ficar até o final do mês, mas eu preciso de uma semana, de alguns dias para dar uma relaxada, visitar a família, arejar as ideias para começar a minha missão em Custódia com um pique novo."
Perguntamos se esperava ser transferido tão cedo da Paróquia de Petrolândia
"Não, eu não esperava. Mas a transferência de um padre é sempre uma decisão do Bispo, junto com o Conselho. Mas é uma realidade comum entre as Dioceses, porque mais cedo ou mais tarde todos os padres serão transferidos e nós temos consciência disso. Então, é uma dinâmica natural da Igreja, e não há nenhuma questão que possa impedir o Bispo de fazer ou não as transferências. Eu vim de Nazaré da Mata e lá, há quinze dias atrás, houve Assembleia Diocesana e houve transferência. Portanto, a transferência de um padre é algo muito natural."
Perguntamos se, por ser um padre jovem, moderno e extrovertido, não teria incomodado conceitos de alguns fiéis em Petrolândia.
''Cada um tem a sua personalidade e a minha personalidade é essa que o povo de Petrolândia acabou conhecendo. A princípio muita gente até estranhou, pela minha jovialidade, pelo meu jeito, pela minha personalidade de ser, de falar, dos tratos com as pessoas, e eu estou saindo de Petrolândia sem nenhum peso na consciência porque eu tratei todos por igual. Agora, é evidente que a gente não agrada a todos."
Perguntamos se teria havido insatisfações por parte de católicos de Petrolândia com o seu trabalho
''Certamente que houve algumas insatisfações, mas todos nós temos insatisfações. Todos os padres que passaram por aqui, certamente não atingiram 100% da popularidade. Nenhum padre, nenhum líder, ele atinge a popularidade de 100%. Houve insatisfação comigo? houve. Assim como houve com os padres anteriores que passaram por aqui, assim como haverá com outros padres que passarão. A gente não agrada 100% a todo mundo. Tem uma frase muito comum e muito corriqueira, de que nem Jesus agradou a todo mundo e eu não tenho pretensão nem presunção de sair daqui agradando a todos os petrolandenses. Existem pessoas que me querem bem, mas eu sei que existem pessoas que estranharam o meu jeito de ser, mas é o meu jeito."
Perguntamos se a Igreja católica está preparada para receber padres jovens, irreverentes e com novas ideias, lembrando que há anos atrás o hoje consagrado padre Marcelo Rossi também sofreu preconceitos, inclusive dentro da própria Igreja Católica.
''Eu penso que a Igreja Católica tende a aceitar todos os padres que possam vir, até porque independentemente de ser um padre jovem, ou mais idoso, todos nós estamos aqui para fazer a vontade de Deus, e realizar a missão na paróquia, fazendo com que ela cresça, independentemente de idade. Até porque eu já vi tantas paróquias que tinham padres que já são de idade e nem por isso tinham essa popularidade toda. Então isso é muito relativo.''
Perguntamos se a maneira de se comportar, estando sempre presente em meio à juventude, participando de eventos, enfim sua popularidade na sociedade de Petrolândia, não teriam incomodado conceitos de alguns fiéis em Petrolândia.
"Bom, se incomodou, eu não procuro saber, mas existem rumores de que eu teria incomodado uma ala da sociedade, algumas pessoas da Igreja, mas eu não me preocupo com isso, porque eu não vivi o meu ministério em Petrolândia preocupado a quem eu ia agradar. Eu vivi o meu ministério em Petrolândia querendo realizar aquilo que eu busquei fazer, e penso que eu fiz bem, que foi pregar a palavra de Deus, assumir os trabalhos da paróquia. Então, o que as pessoas dizem ou deixam de dizer, eu não me preocupo tanto, porque a minha preocupação foi e é a de sair de Petrolândia tranquilo, consciente de que fiz o que deveria ser feito."
Quisemos saber qual a impressão que vai levar do povo de Petrolândia
"Levo de Petrolândia a hospitalidade, porque o povo de Petrolândia é muito hospitaleiro e aqui, pelo pouco tempo que fiquei, eu posso dizer com toda certeza que eu fiz amigos para a vida toda. O povo de Petrolândia é muito caloroso, não somente no seu clima geográfico, mas no clima familiar, de acolhimento, então a hospitalidade do povo dessa terra é uma coisa marcante que eu levo comigo pro resto da minha vida.''
Se pretende um dia voltar a ser pároco de Petrolândia
"Sem dúvidas alguma, eu voltarei a Petrolândia, não para assumir a paróquia, mas para rever as pessoas, os amigos que deixei aqui. Tem um ditado aqui em Petrolândia que diz que 'quem bebe das águas do rio são Francisco, sempre volta'. Então, eu vou abastecido demais das águas do são Francisco, e com certeza voltarei aqui para visitar os amigos que aqui deixei e visitar a paróquia.
Se leva alguma mágoa de Petrolândia
"Não levo mágoa de ninguém, porque não sinto que ninguém me fez mal, pelo contrário, o que eu levo são coisas boas. Mas, é claro que pelas minhas limitações, certamente eu possa ter magoado alguém, ter falado algo que muita gente não gostou, talvez o meu jeito de ser deve ter incomodado alguém. Então, de qualquer forma a gente pede desculpas pelas coisas que talvez tenham acontecido, através de uma palavra que não tenha sido legal, que não teria sido interessante ter dito, mas eu saio tranquilo sem mágoa de ninguém. Saio muito feliz, não pelo fato da saída, mas por ter deixado plantado uma semente de grandes amigos''.
Para encerrar, pedimos que o padre deixasse uma mensagem para o povo de Petrolândia
"A minha mensagem é que a gente possa cada vez mais se unir. Está chegando o fim do ano, então vamos fazer uma retrospectiva de como viver melhor a nossa vida, vamos nos amar cada vez mais, porque a gente tem que se amar enquanto a gente está aqui. Lágrimas não serão suficientes para trazer quem a gente ama de volta. E ao povo de Petrolândia, o meu muito obrigado, o meu agradecimento de coração a todas as ramificações da sociedade de Petrolândia, e quando por aqui voltar, visitarei a todos vocês. Um abraço a todos."
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Redação do Blog de Assis Ramalho
Fotos: Wellington Pereira Campos, Seminarista da Paróquia São Francisco de Assis