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Aguinaldo Fenelon, primeiro Procurador Geral do Ministério Público a visitar Petrolândia, é entrevistado por Assis Ramalho. |
Em visita a Petrolândia, na noite da última sexta-feira (27), quando participou de sessão
solene da Câmara de Vereadores para entrega de Títulos de Cidadãos Honorários de Petrolândia à Sra. Maria do Carmo Santos, ao Dr. Dorgival Soares
de Souza (atual Juiz de Direito da Comarca de Recife-PE), ao Dr. Ivo Pereira de
Lima (atual Promotor de Justiça da Comarca de Escada-PE) e ao Sr. José Aniceto
de Carvalho (Oficial de Justiça da Fórum de Petrolândia), o
Procurador
Geral do Ministério Público do Estado de Pernambuco, Dr. Aguinaldo Fenelon de Barros, concedeu entrevista exclusiva ao Blog de Assis Ramalho.
Nesta entrevista, o Procurador critica o distanciamento de delegados, juízes e até mesmo do antigo Ministério Público em relação ao cidadão. Segundo ele, essas autoridades se concediam tão grande importância que achavam que não deveriam conversar com o cidadão.
Segundo Fenelon, as autoridades não exigiram dos poderes executivos (municipal, estadual e federal) a criação de adequadas políticas públicas e, por isso, hoje a violência impera no país.
Ainda segundo o Procurador, há um poço de vaidade em que as
autoridades mergulharam há muito tempo atrás, e isso fez com que a violência
aumentasse, mas nunca é tarde para corrigir o que foi feito de errado lá atrás, e ele espera que a
sociedade cobre das autoridades a aproximação para o caminho da paz no Estado de Pernambuco.
Na entrevista, o Procurador informa os projetos de sua autoria, voltados para a cidadania. São doze projetos ao todo, entre eles um de combate ao racismo, outro que proíbe
venda de bebidas alcoólicas em torno das escolas públicas. Para combate às
drogas há o projeto “Pernambuco contra o Crack”. O "Carne de
Primeira" proíbe a venda de carne de animais abatidos nos fundos de quintais, ou seja, em abatedouros clandestinos. Outro projeto, que é o "MPPE nas
Escolas", orientando os alunos nas escolas, entre outros. O Procurador comprometeu-se a vir ainda este ano a Petrolândia conversar com as autoridades locais.
Acompanhe abaixo a entrevista do Procurador Geral do Ministério Público de Pernambuco, Dr. Aguinaldo Fenelon de Barros, concedida ao Blog de Assis Ramalho, na íntegra:
Assis Ramalho: Dr.
Agnaldo, primeiramente muito obrigado por ter comparecido aqui em nossa
cidade (Petrolândia) e, aproveitando, faça um resumo sobre o seu lindo discurso (na
Câmara de Vereadores) .
Aguinaldo Fenelon: Hoje eu vim aqui parabenizar o colega Ivo (Dr. Ivo Pereira de Lima, promotor de justiça da Comarca de Escada) pela homenagem recebida hoje, aqui em
Petrolândia, e dizer que as autoridades precisam conversar com o povo. Essa
história de promotores, juízes e delegados ficarem trancados em gabinetes, isso
é um erro muito grande. A gente precisa visitar as escolas públicas, privadas.
Precisa também visitar as associações de bairros, precisa conversar com a
sociedade e saber quais são seus anseios sociais para a gente tentar resolver. A
autoridade não é maior do que o povo. A autoridade, ela nasceu para servir (ao
povo ). E por isso que hoje eu vim lançar esta proposta aqui, para as
autoridades se reunirem pelo menos uma vez por mês para discutir os problemas locais
e encontrar a saída. Então eu deixo essa mensagem a todo povo aqui de
Petrolândia, que nós só seremos fortes na hora em que nós ficarmos unidos, e a
humildade é o maior caminho para o encontro da paz.
Assis Ramalho: Uma
coisa muito importante que o senhor falou aí, Dr. Agnaldo, é que quem faz a justiça não pode caminhar distante do povo. Também os nossos governantes não vem
pecando (desde) há muitas décadas atrás?
Aguinaldo Fenelon: É. Há
muito tempo que esse poço de vaidade em que as autoridades mergulharam, há muito
tempo atrás, fez com que hoje a violência aumentasse. Delegados, juízes e
até mesmo o Ministério Público antigo, que achava que não podia conversar com o
povo, se distanciaram da sociedade. Não exigiram também dos poderes executivos
as políticas públicas, e hoje a violência impera no país. A violência impera
até no interior, onde antigamente o povo ficava sentado na calçada até tarde (da
noite), e hoje não tem mais isso, porque se pecou, se errou. Mas nunca é tarde
para corrigir e espero que a sociedade cobre das autoridades a aproximação, para a gente encontrar um caminho melhor, o caminho da paz no nosso Estado de
Pernambuco.
Assis Ramalho: Eu sei
que é difícil, mas faça um rápido resumo
do brilhante trabalho do senhor frente ao Estado.
Aguinaldo Fenelon: Nós
apresentamos doze projetos de cidadania. Um que combate o racismo, outro que proíbe
venda de bebidas alcoólicas em torno das escolas públicas. Outro que combate as
drogas, que é "Pernambuco contra o Crack". Outro, que é o "Carne de
Primeira", que é a proibição de venda de carne abatida nos fundos de quintais ou nos sítios, para vender as pessoas. Outro (projeto) que é o "MPPE & Escola", orientando os alunos nas escolas (sobre o consumo consciente). São realmente doze projetos, que em outro dia eu voltarei aqui, para lhe dar uma outra entrevista, junto com o
promotor e fazer uma reunião com a sociedade. Me comprometo ainda a, até o final
do ano, retornar a esta cidade para dar um abraço e conversar também com todo o
povo desta cidade. Através das autoridades, fazer uma reunião para encontrar um caminho, um caminho
que todos querem nesta cidade para viver melhor.
Assis Ramalho: Petrolândia
agradece.
Aguinaldo Fenelon: Quem
agradece sou eu, em nome do Ministério Público Pernambucano.
Reportagem: Assis Ramalho
Fotos: Lúcia Xavier