O suposto desaparecimento da advogada Severina Natalícia da Silva, 44
anos, vista pela última vez no dia 5 deste mês sendo levada em um carro
preto por dois homens encapuzados, em Bezerros, pode ter relação com o
exercício profissional. Foi o que revelou o presidente da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB/PE), Pedro Henrique Reynaldo, durante coletiva
ontem na sede da instituição.
Segundo ele, há 10 anos Severina
atuava em causas trabalhistas, civis e previdênciarias em municípios
como Bezerros, Caruaru e Riacho das Almas.
“Designamos dois
profissionais da OAB para acompanhar as diligências da polícia”,
afirmou. O caso, que está sendo investigado pela polícia de Caruaru,
corre em sigilo. Ontem, uma comitiva formada por representantes da OAB e
familiares pediram ao secretário de Defesa Social (SDS), Wilson
Damázio, prioridade no caso. Segundo o secretário, foi designado o
delegado de divisão de homícidios de Caruaru, Bruno Vidal, para apurar o
caso. “Estamos trabalhando com várias hipóteses e não podemos adiantar
nada”, disse.
Segundo
parentes, a advogada voltava da escola pública Nicanor Souto Maior, em
Caruaru, onde é vice-diretora, em uma van. Ao descer do veículo, a
poucos metros de casa, na Rua Professora Joana de Moraes, em
Encruzilhada de São João, em Bezerros, testemunhas teriam visto dois
homens se aproximarem e a levarem. “Ela sempre fazia o mesmo trajeto há
muitos anos. Na última quinta eu a deixei de carro na escola. Foi o
último contato que tive com ela”, contou a irmã, Maria Helena Silva
Martins, 59 anos. A advogada morava só e não tinha filhos. Os
familiares não têm conhecimento de possíveis inimigos nem de ameaças. A
irmã, a mãe de Severina, além de uma menina, menor de idade, que teria
visto o momento em que a advogada foi levada pelos suspeitos, já
teriam sido ouvidas.
Primeira da família a se formar em
direito, a advogada teve uma infância díficil. “Minha mãe teve que
quebrar pedra para conseguir pagar os estudos dela. Foi professora de
escola municipal e estadual. Sonhava em ser promotora”, concluiu Maria
Helena.
Fonte: Diário de Pernambuco