Presidente Jair Bolsonaro em solenidade no Colégio Militar da Polícia Militar do Amazonas, em Manaus, nesta quinta-feira (25) — Foto: Rodrigo Carneiro/Rede Amazônica
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (25) que eventuais ações de hackers em seu aparelho celular "não vão encontrar nada que comprometa".
Bolsonaro foi questionado, durante entrevista coletiva em Manaus, sobre o Ministério da Justiça e Segurança Pública ter divulgado que foi comunicado pela Polícia Federal que celulares usados por Bolsonaro foram alvo de invasão dos supostos hackers presos na última terça-feira (23).
"Eu achar que meu telefone não estava sendo monitorado por alguém seria muita infantilidade. Não apenas por eu ser capitão do Exército, conhecedor da questão da inteligência. Sempre tomei cuidado nas informações estratégicas, essas não são passadas via telefone. Então, não estou nenhum um pouco preocupado se porventura algo vazar aqui no meu telefone. Não vão encontrar nada que comprometa. [...]. Perderam tempo comigo", declarou.
Bolsonaro explicou que discute apenas pessoalmente, no gabinete, questões tratadas com outros chefes de estado, como "no tocante à Venezuela" e "questões estratégicas para o Brasil".
Em junho, quando começaram a ser divulgadas pelo site The Intercept conversas do ministro Sergio Moro pelo aplicativo de mensagens Telegram, Bolsonaro disse não seguir recomendação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de utilizar um celular protegido com um programa de criptografia para se comunicar. Ele afirmou, naquela ocasião, não ter "nada a esconder".
Quatro presos pela PF por interceptações
A informação sobre a interceptação do aparelho de Bolsonaro foi divulgada pelo governo após a prisão, na última terça-feira (23) pela Polícia Federal, de quatro pessoas na Operação Spoofing, que apura a ação de hackers nos celulares do ministro da Justiça, Sergio Moro, e outras autoridades.
Aparelhos telefônicos do desembargador federal Abel Gomes, do juiz federal Flávio Gomes, do delegado da PF de São Paulo Rafael Fernandes e do delegado da PF em Campinas Flávio Reis também foram interceptados.
Os presos pela PF na terça-feira são Walter Delgatti Neto (conhecido como "Vermelho"), o DJ Gustavo Henrique Elias Santos, Danilo Cristiano Marques e Suelen Priscila de Oliveira. Todos os homens têm passagem pela polícia.
Segundo o advogado Ariovaldo Moreira, que faz a defesa do DJ Gustavo Henrique Elias Santos, seu cliente disse em depoimento à Polícia Federal que Delgatti Neto, apontado como o hacker que invadiu os celulares, queria vender ao PT as mensagens que obteve.
Moreira deu as declarações depois dos depoimentos prestados por Gustavo Santos e por Suelen Priscila de Oliveira na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde estão presos.
PT fala em ‘armação’ contra o partido
O PT emitiu nota na qual afirma que o inquérito que apura a atuação de supostos hackers para invadir o celular do ministro Sergio Moro (Justiça) se tornou uma "armação" contra o partido.
"O ministro Sergio Moro, responsável pela farsa judicial contra o ex-presidente Lula, comanda agora um inquérito da Polícia Federal com o claro objetivo de produzir mais uma armação contra o PT. As investigações da PF sobre as pessoas presas em São Paulo confirmam a autenticidade das conversas ilegais e escandalosas que Moro tentou desqualificar nas últimas semanas", diz a nota do partido.
Viagem a Manaus e fala sobre Nordeste
Bolsonaro foi a Manaus para visitar o Colégio Militar da PM da capital amazonense, onde entregou medalhas a estudantes premiados na Olimpíada de Matemático. Após a cerimônia, Bolsonaro voltou a comentar sobre o Nordeste.
Na última sexta-feira (19), o presidente se envolveu em polêmica causada por declaração sobre governadores da região. Em conversa informal com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, o presidente afirmou que "daqueles governadores de 'paraíba', o pior é o do Maranhão". Nesta terça, em visita à Bahia, Bolsonaro disse que ama o Nordeste.
"Alguém acha que eu ofendi o povo nordestino quando cochichei no ouvido de um deputado uma questão do Maranhão e da Paraíba? Agora está uma briga realmente. Estive lá em Bahia, fui muito questionado pelo povo dizendo que não é verdade, que o pior governador do Brasil é do Maranhão. Uns dizem que é da Bahia, uns dizem que é do Ceará, outros dizem que é da Paraíba, do Piauí. Está uma briga terrível. O que nós queremos também é libertar o Nordeste desse julgo. Parece que eles fazem parte, eles são massa de manobra da esquerda. Tem que deixar de existir. E como resolver isso aí? Na educação e no conhecimento", disse.
Por Rickardo Marques e Diego Toledano, G1