O encontro em Petrolândia foi realizado na sala de reuniões da Prefeitura, com as presenças da vice-prefeita, Janielma Souza, da Primeira-Dama Anna Tereza, da Coordenadora da Mulher em Petrolândia, Paula Francinete, além da Coordenadora da Saúde da Mulher do Estado, Rejane Neiva, e da Coordenadora da Mulher no Sertão de Itaparica, Ivete Venâncio.
Também estiveram presentes as coordenadoras de políticas municipais para a mulher: Ivete Cardoso (Belém de São Francisco), Camila de Souza (Jatobá), Fernanda Freire (Itacuruba) e Maria da Penha Nunes Pereira (Carnaubeira da Penha).
Após o debate, com duração de aproximadamente duas horas, Assis Ramalho entrevistou, com exclusividade, a Secretária Estadual de Políticas para a Mulher de Pernambuco, Cristina Buarque.
Acompanhe abaixo a entrevista, na íntegra:
Assis Ramalho: Dra. Cristina, gostaria que fizesse uma avaliação sobre o encontro com as gestoras das políticas para mulheres da região de Itaparica, realizada em Petrolândia.
Dra. Cristina Buarque: Eu acho que esse encontro está iniciando uma série de encontros. Hoje, nós estivemos aqui em Petrolândia em reunião com as gestoras de políticas para as mulheres da região de Itaparica. O planejamento é fundamental para que a gente possa executar as ações. Nós estamos construindo um planejamento de política para as mulheres na região do Sertão de Itaparica, para que se tenha um formato de trabalho que realmente atenda as necessidades das mulheres, no campo da saúde, da educação, da segurança pública e no campo do desenvolvimento social.
Assis Ramalho: Dra., eu creio que por onde uma secretária, que é o caso da senhora, chegue para participar de reuniões, tem sempre apelos financeiros, porque as dificuldades financeiras são grandes
nos municípios. Mas para que seja liberado algo, é preciso que os municípios apresentem projetos, não é verdade?
Dra. Cristina Buarque: É verdade. Não é só chegar e dizer "Eu quero dinheiro para isso, eu quero dinheiro para aquilo". É preciso planejar os projetos e os planos. Então, é como você disse: não é só chegar e dizer que quer o dinheiro, é preciso ter projetos, é preciso ter os planos.
Assis Ramalho: A senhora tem andado muito, tem visitado vários municípios. Tem percebido as dificuldades das prefeituras para executar os seus projetos, como, por exemplo, projetos voltados para políticas das mulheres?
Dra. Cristina Buarque: É verdade, as prefeituras estão com muitas dificuldades, e estão sofrendo muito com as distribuições de recursos para a nossa área. A verdade é que os municípios não têm o dinheiro e, com isso, as políticas para as mulheres sofrem, porque é uma política que não tem um fundo nacional. Aqui, em Pernambuco, nós construimos uma série de elementos para que essa política fosse forte, e é por isso que aqui ele é muito melhor do que os outros estados do Brasil. Aqui, a gente tem 149 organismos municipais de política para as mulheres. Agora, é como você disse: as gestoras sofrem muito, porque não têm os recursos. Mas uma coisa eu posso dizer: elas são umas verdadeiras heroínas, tamanho o empenho delas em prol das políticas para as mulheres.
Assis Ramalho: Dra., na sua avaliação, quais os avanços da lei Maria da Penha. O que mudou com a chegada da lei?
Dra. Cristina Buarque: O Brasil tem mais de 500 anos e é um Brasil que não é só dos índios. É um Brasil que foi dos portugueses, e esses portugueses foram lá na África sequestrar as populações negras e trazer pra cá. Então, é um Brasil que nasceu batendo nas mulheres, nasceu estuprando as índias, nasceu estuprando as negras, assim como também as brancas. Ou seja, A lei Maria da Penha veio para resolver uma questão de mais de 500 anos. E o que a lei Maria da Penha mudou? A lei diz que a mulher precisa ter um Juizado, uma Vara especializada para julgar essas questões, e a gente está fazendo isso. Antes, não tinha nenhuma, era tudo igual. Agora não, a gente já tem sete Varas no Estado de Pernambuco. A Região Metropolitana já está coberta, e agora a gente vai para o Sertão.
Assis Ramalho: Mas, mesmo com essa importante lei, a violência contra as mulheres não para. Por quê, doutora?
Dra. Cristina Buarque: Mas é preciso que se diga que a violência contra a mulher não está aumentando, pelo contrário, está diminuindo. O que está acontecendo é que as mulheres, agora, têm pra onde ir fazer as denúncias, e antes elas não tinham. Então, cada delegacia a mais, serão mais denúncias por parte das mulheres.
Assis Ramalho: Mas o Sertão de Itaparica é carente de delegacias para as mulheres.
Dra. Cristina Buarque: Sem dúvida nenhuma. A região de Itaparica está carente de delegacias para as mulheres, mas estamos com uma proposta de ter uma em Floresta, para atender a região.
Assis Ramalho: Para encerrar esta importante entrevista, eu gostaria que a Secretária da Mulher de Pernambuco deixasse uma mensagem para as mulheres, principalmente, para as mulheres da região do Sertão de Itaparica.
Dra. Cristina Buarque: Primeiramente eu gostaria de agradecer a você a oportunidade e dizer às mulheres que o ponto fundamental para os municípios, hoje, é ter uma secretaria para as mulheres e que ela (a mulher) contribua, frequente, denuncie. Eu quero dizer que nós temos uma Ouvidoria da Mulher no Estado, que é gratuita. A mulher pode fazer a sua denúncia ou buscar orientações, ligando do seu celular ou de um telefone comum. A ligação pode ser feita de qualquer lugar onde ela esteja. O número é 0800-281-8187. Essa ligação pode ser feita a qualquer hora do dia ou da noite. Os serviços estão 24 horas no ar e não precisa que a pessoa se indentifique. A gente só precisa que a pessoa que for ligar seja muito sincera, que não faça nenhuma denúncia sem fundamento.
Assis Ramalho: Se uma mulher de Petrolândia, por exemplo, fizer uma denúncia, qual o prazo para que ela possa ser atendida?
Dra. Cristina Buarque: Vai depender do tipo da denúncia. Se ela estiver precisando dos serviços com urgência, tem que ser atendida com urgência. De lá, a gente aciona a polícia daqui, se for o caso, a coordenadora, para que procurem acompanhar o caso dessa pessoa. E se o caso for grave, e essa pessoa precise sair de Petrolândia e ir para um outro lugar, a gente manda um carro para buscá-la.
Assis Ramalho: Dra Cristina, muito obrigado pela entrevista.
Dra. Cristina Buarque: Obrigada digo eu. Até a próxima.
Redação do Blog de Assis Ramalho
Fotos: Dodi França