Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal PF — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo. O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou nesta quarta-feira que a investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes teve cinco anos de "falhas e incertezas" e que todos os envolvidos serão responsabilizados. A fala foi feita durante evento que comemorou 80 anos da Polícia Federal na sede da corporação, em Brasília.
— A elucidação do assassinato bárbaro de Marielle, após cinco anos de falhas e incertezas na investigação, foi uma prioridade assumida por nós. Por ser uma resposta de fundamental importância que o sistema de Justiça devia não só às famílias, mas à sociedade brasileira. (...) Todos os envolvidos responderão por seus atos — afirmou Rodrigues. No palco, estava a ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle.
Além da ministra, também participaram do encontro o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, o ministro da Advocacia Geral da União, Jorge Messias e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Marcos Amaro. A presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva era esperada, mas ele não compareceu à cerimônia.
Em fevereiro de 2023, a PF entrou no caso Marielle após um pedido do então ministro da Justiça, Flávio Dino. A investigação foi conduzida em parceria com o Ministério Público do Rio de Janeiro e chegou a dois suspeitos de serem os mandantes do crime - o deputado federal Chiquinho Brazão e o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio Domingos Brazão - e um suspeito de atrapalhar as apurações - o ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa. Os três foram presos preventivamente no mês passado, quando o assassinato de Marielle completou seis anos.
Em seu discurso, Rodrigues afirmou que a PF é um "porto seguro do Estado Democrático de Direito" e criticou indiretamente o governo Bolsonaro por ter feito constantes trocas na diretoria da instituição.
— A personalização de operações, os desvios em inciciativas com motivações políticas e as imotivadas e constantes mudanças de gestores e investigadores e a desvalorização dos servidores não se amoldam a uma polícia de Estado — afirmou Andrei, e acrescentou: — Nosso desafio permanente é para que esse passado recente e sombrio jamais retorne.
Por Eduardo Gonçalves — O Globo, Brasília