Foto: Xingó Parque Hotel/Divulgação
"A consequência desses desmandos nos usos das águas do Velho Chico é traduzida na atual situação de penúria hídrica, vivenciada em toda sua bacia hidrográfica. As tentativas de não se permitir que a represa de Sobradinho alcance o volume morto, em novembro próximo, vem provocando muitos transtornos na vida do cidadão residente tanto no Submédio quanto no Baixo São Francisco, limitando suas possibilidades de irrigar terras, de beber água de boa qualidade, de gerar energia e, mais recentemente, de abastecer a região do Setentrional com as águas provenientes do projeto da Transposição. A represa de Sobradinho vem defluindo, atualmente, cerca de 600 m³/s, e já se comenta a possibilidade desse valor ser reduzido para 500 m³/s. O desastre está se configurando!", escreve
João Suassuna, Eng° Agrônomo e Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, em artigo publicado por EcoDebate, 13-06-2017.
Eis o artigo.
Antes das intervenções no São Francisco, com as construções das barragens de Três Marias (1962) e Sobradinho (1979), visando à regularização volumétrica do rio, a vazão média histórica do Velho Chico situava-se em torno de 2.800 m³/s. Apesar de não existirem barreiras artificiais que impedissem o fluxo natural das águas, a amplitude volumétrica do rio se comportava de forma preocupante, prejudicando, e muito, as pretensões das instituições responsáveis pela geração elétrica da região (Cemig e Chesf), de obterem uma energia, segura e estável.
As secas na bacia do Velho Chico, sempre existiram (em outubro de 1955, houve registro de vazão da ordem de apenas 595 m³/s). Enchentes monumentais também foram apontadas, com a calha do rio escoando volumes da ordem de 20.000 m³/s (na cheia de 1979).