Fernando Nivaldo Batista (Foto: Divulgação)
Ultimamente tenho caminhado sobre os anfiteatros desta realidade de forma mais palpável. A poeira do tempo teima em manchar-me cabelos e barba. De imediato, a pergunta que não se cala: A quem irei chorar meus medos quando a velhice se estabelecer? Não gostaria de ver o desamparo existencial do qual me obriga a força do tempo. Sim! Aos poucos a vida despedaça a certidão que nos identifica com o mundo. O tempo passa. Ele cobra juros...
Lembro-me de uma canção dos Nonatos que diz: “... Para os meus olhos, você não tem mais aquela aparência, rosto bem cuidado, pele com essência e o poder nas mãos de me ter aos seus pés...” Não há dúvidas. A existência sofre agravos com o tempo. De novo a fragilidade nos coloca nos braços dos outros. Os braços que outrora ninavam o recém nascido se submetem à evolutividade do tempo. A dependência, as fraudas forçadas cuja vergonha não tem escolhas.
Mais uma vez o laço, o cordão umbilical se arrebenta. Se despede a mocidade e suas destrezas. Quase sempre o conforto (ou desconforto?) desse desatino encontra-se em ladainhas, rosários, novenas e jaculatórias, isto é, as razões escatológicas, de alguma forma, dão resposta a uma fragilidade incômoda que envelhece sem permissão. A religião não deixa de ser refúgio fácil para os que estão ou não dispostos a enfrentar a condição humana do entardecer. O alaranjado do céu é o mesmo, porém, as horas são outras.