Pela primeira vez em mais de 30 anos, um governador de Alagoas anuncia a possibilidade de concluir as obras do Canal do Sertão. O governador Paulo Dantas (MDB) quer entregar o canal pronto até o fim do mandato dele, em 2027. A maior obra hídrica em construção no País começou em 1990. Foi paralisada diversas vezes por falta de recursos federais, por investigação do Tribunal de Contas da União, após constatar superfaturamento entre os trechos três e quatro. Hoje avança no trecho cinco. Agora há perspectivas concretas de a obra ser concluída com apoio do governo federal. O otimismo do governador aumentou depois da última reunião de governadores com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 27 de janeiro. Dantas entregou ao presidente da República a pauta de obras do Estado e recebeu garantia de apoio para projetos de infraestrutura, Canal do Sertão e viários. Ao participar, na quarta-feira (1º) da posse dos 27 deputados estaduais para a legislatura dos próximos quatro anos, Paulo Dantas fez um balanço da última reunião com o presidente Lula no encontro de governadores. Ele confirmou que apresentou projetos como o do Hospital Metropolitano de Arapiraca, outro que prevê a duplicação da via que liga o bairro do Benedito Bentes, em Maceió, ao município do Pilar pela BR 316, também o da duplicação da BR 424 do Polo de Marechal Deodoro e o projeto da retomada dos investimentos federais para o canal, que entrou no trecho cinco. “Recebemos a sinalização positiva do presidente Lula e do próprio ministro dos Transportes, senador Renan Filho (MDB), para essas obras fundamentais para o desenvolvimento de Alagoas”. Com relação à construção dos 250 quilômetros do Canal do Sertão, que se arrasta desde 1990 e tem quase 150 quilômetros, dos quais 120 quilômetros com água em abundância do Rio São Francisco, o governador destacou que o presidente Lula foi o que mais investiu recursos na obra quando exerceu a Presidência da República [no período de 2003 a 2010]. “Ele [Lula] conhece a importância do Canal do Sertão, esteve lá e sabe que esta é a maior obra hídrica em andamento hoje no País. O canal é fundamental para o desenvolvimento do Agreste e Sertão de Alagoas”. A captação da água começa num dos braços do rio São Francisco que fica no Vale do Moxotó, no município de Delmiro Gouveia. Até agora, a obra engoliu mais de R$ 3,5 bilhões. O Estado investiu no ano passado mais de R$ 400 milhões para a continuação do trecho cinco. O canal chegou a São José da Tapera e avançou para o município de Olho d’Água das Flores. “O nosso objetivo é chegar no trecho final, no município de Arapiraca, até o final do mandato”. Ao ser questionado se acredita que a gestão dele conseguirá atingir a meta de concluir os 250 quilômetros de canal, Paulo Dantas demonstrou disposição para cumprir esse objetivo. “Vou lutar com toda a minha energia para concluir ou, pelo menos, chegar bem próximo ao município de Arapiraca e deixar todo o planejamento bem encaminhado para que o próximo governador tenha condições reais de concluir o projeto”.
AGRICULTURA
Antes de ser eleito governador em abril passado para concluir o mandato do ex-governador Renan Filho (hoje senador e ministro dos Transportes), o então deputado Paulo Dantas era a principal voz dos 150 mil agricultores familiares de Alagoas no parlamento estadual.
Agora, o governador reeleito disse que criou a Secretaria de Estado do Cooperativismo e a Secretaria de Estado da Agricultura Familiar e mantém uma ligada à pasta do Desenvolvimento Econômico, indústria e Comércio; e a outra é ligada a Secretaria de Estado da Agricultura, com objetivo de mantê-las politicamente fortes e gerar os projetos necessários.
Dantas quer gerar mais empregos e renda com atividades produtivas entre os pequenos e microprodutores rurais. “Esses dois setores [cooperativismo e agricultura familiar] são fundamentais para o desenvolvimento do Estado e hoje estão inseridos na administração pública. Assim, conseguirão construir os projetos para ampliar as oportunidades. Agricultura familiar nesta gestão é uma das prioridades”, frisou. Além disso, confirmou a realização de concursos públicos para a pasta da Agricultura e Emater, também com objetivo de promover a assistência técnica para os agricultores familiares. Anunciou inclusive o projeto “Gavião”, no município de São José da Tapera. O projeto prevê utilizar uma parte da água do Canal do Sertão no projeto irrigado de uma área do Estado naquela região. “O projeto será desenvolvido por pequenos produtores e empresas rurais que gerem emprego e renda”.
POLÍTICA
No campo político, a aliança com o presidente Lula, com o senador Renan Calheiros, presidente do diretório estadual do MDB, e com o ministro dos Transportes, senador Renan Filho (MDB), segundo o governador Paulo Dantas (MDB), abre portas, cria as condições necessárias e favoráveis para os projetos de desenvolvimento de Alagoas conseguirem apoio federal. Dantas disse que o Estado passou quatro anos sem receber recursos federais. “Ficamos isolados. Sobrevivemos com recursos próprios e isso não nos desanimou. O Estado bateu recordes em investimentos em 2021 e 22. Com as alianças federais concretas, com os poderes de Alagoas, o nosso estado continuará no rumo do crescimento maior do que o do Nordeste”. Com apoio do governo federal, do Judiciário de Alagoas e da quase unanimidade dos 27 deputados estaduais, o governador Paulo Dantas considera também ter condições favoráveis para as prioridades da gestão dele.
PODERES
Ao comentar a votação unânime dos 27 deputados estaduais na eleição do deputado Marcelo Victor (MDB) para o terceiro mandato na presidência da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, o governador Paulo Dantas avaliou que o parlamento fez uma demonstração de maturidade e união. “O objetivo dessa união em Alagoas e no Brasil é a defesa do pacto federativo, da democracia, da liberdade, demonstrar para a sociedade que a principal meta do Legislativo é criar as condições para os Poderes Executivo e Judiciário colocarem à disposição da população os bons projetos”. Dantas considerou que Alagoas presencia a parceria entre os três poderes com otimismo. Isso o faz ter certeza de que, nos próximos quatro anos, ocorrerá “união de forças” para manter o desenvolvimento e reduzir a dívida social com os que estão em situação de vulnerabilidade social.
Por Gazeta de Alagoas
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