Num texto de partir o coração, publicado ontem na Revista Piauí (aberto apenas para assinantes), a neurocientista brasileira Suzana Herculano-Houzel deu adeus ao país e explicou porque ela resolveu aceitar o convite para se mudar para o Tennessee. Autora de bons livros sobre o funcionamento do cérebro, palestrante do TED e autora principal de uma das raríssimas pesquisas assinadas só por brasileiros a ir parar nas páginas da respeitada revista Science, Suzana diz que se cansou do ambiente que incentiva a mediocridade e de uma penúria tão grande que ela às vezes precisa tirar dinheiro do bolso para fazer pesquisa. "A ciência brasileira está agonizante", escreveu.
E olha que o melancólico texto foi escrito antes de Suzana ficar sabendo da informação que apareceu ontem no noticiário político, que dava conta de que o vice-presidente Michel Temer está considerando dar o ministério da Ciência e Tecnologia do governo que ele pretende montar ao bispo Marcos Pereira, presidente do partido de aluguel PRB e bispo da Igreja Universal. A notícia não está confirmada - é mais um entre os tantos balões de ensaio que Temer está vazando na mídia para ver se são ou não abatidos. Se este não for, o cargo governamental mais alto da administração da Ciência no Brasil ficará com um técnico em contabilidade, líder espiritual e business man envolvido em dois negócios bem lucrativos: igreja e partido.