"Não importa quem ganhe ou perca a eleição, o PMDB sairá vitorioso, sempre. É sua natureza. Por arriscado e custoso, eleger presidentes da República interessa pouco. Nem José Sarney, seu presidente de honra, era PMDB; foi Ulysses Guimarães o poderoso do período", escreve Carlos Melo, cientista político, professor do INSPER e autor de
Collor - O ator e suas circunstâncias (Novo Conceito), em artigo publicado pelo jornal
O Estado de S. Paulo, 07-02-2015.
Eis o artigo.
Trata-se de um todo contraditório: o PMDB espelha parte da história da redemocratização do País, mas também do processo de degeneração do sistema político nacional. Seu apetite por cargos e recursos é voraz; sua disposição e expertise para arrancar concessões e recursos dos governos se igualam em habilidade e frieza às de jogadores de pôquer. Ao contrário do PT, é um campo de profissionais. Sua visão reside na perpetuação do próprio poder e levar o baixo clero ao paraíso. O PMDB não é para principiantes.
Há anos o partido se desenvolve num movimento desigual e combinado. Federação de grupos, suas áreas são diversas, contraditórias e divergentes. Mas é a diversidade que mantém a unidade e a perspectiva de poder que o amalgama. É notável a capacidade que possui de representar grupos particularistas e satisfazer interesses restritos, nem sempre claros ou visíveis. É importante compreender o engenho e a arte desse seu dividir para somar.