terça-feira, novembro 17, 2015

Câmara da vergonha: Vereadores de Paulo Afonso rasgam Regimento Interno e partem para a baixaria

Luiz Aureliano foi classificado de “assassino de crianças”, “batedor de mulheres” e “forasteiro demagogo”


É forçoso reconhecer que a postura de alguns vereadores da Câmara Municipal de Paulo Afonso - não são todos, sejamos justos, na sessão desta segunda-feira (16), deixou desconforto evidente nos colegas, na imprensa e quem conseguiu ver o circo de horrores até o fim. Para sintetizar o que se passa à revelia do povo, na gestão de Petrônio Nogueira (PDT), tem-se a desinstitucionalização de um poder, a corrosão da moral, o desrespeito generalizado com o público e ao Regimento Interno.

O berreiro protagonizado por Luiz Aureliano (PT), Marconi Daniel (PV), Antônio Alexandre (PR), o Zezinho do INSS (PROS) e Edson Oliveira (PP), não se explica apenas pela disputa política que já está em curso, ou como é sabido, pela ignorância e estupidez de um ou outro, revela, sobretudo, a lástima que é a política no Brasil e a responsabilidade que cumpre agora ao eleitor em renovar a Casa.

A imprensa, em regra, deu por barato as revelações de Zezinho, quando este espantou o plenário dizendo que recebeu dinheiro – cerca de R$ 30 mil reais - do então candidato a deputado federal, Elmar Nascimento (DEM), nas eleições de 2014. O assunto não foi registrado em Ata, à época alegou-se que Zezinho “não sabe o que diz”, como se ver, a “loucura” do vereador é bastante seletiva.

Bastou que Luiz Aureliano ganhasse os holofotes acusando irregularidades na gestão do prefeito Anilton Bastos (PDT), que Zezinho sacou da algibeira a alcunha de “assassino de crianças”, e teve o respaldo do líder do governo, Marconi Daniel, que completou: “batedor de mulheres”.

Não à Câmara, mas à polícia e à Delegacia da Mulher, respectivamente, se deve recorrer com este tipo de conteúdo.

Resta aos vereadores - que conseguiram manter o equilíbrio – cobrarem as devidas providências do presidente da Casa, a fim de recuperar a reputação do Poder Legislativo e dar um basta na falta de decoro e quebra excessiva do protocolo durante as sessões.

Para ter uma medida do absurdo protagonizado hoje, em nenhum momento, Luiz Aureliano [pouco importa a mim a vida pessoal dele, e de médico, ou quando era diretor do Hospital Nair Alves de Souza, mas o debate na Câmara] fez menção ou avançou para a vida íntima dos vereadores Zezinho, Marconi Daniel ou Edson Oliveira, pelo contrário, apresentou uma proposta razoável diante da crise, e já experimentada em outros municípios, sobre uma possível diminuição dos salários tanto dos vereadores como do prefeito e também a extinção de algumas secretarias. Foi o mesmo que assanhar um ninho de víboras.

Ao ponto: os dissidentes Antonio Alexandre (PR), e Luiz Aureliano ganharam um colega, na dissidência ao menos, explico-me: Edson Oliveira – muito embora tenha garantido hoje que continua na mesma linha do Partido Progressista (?), revelação no mínimo questionável, ou o PP anda caindo de amores pelo governo Anilton? Ou o PP não é mais oposição e sim um grupelo da base? Se Edson Oliveira continua mesmo na égide de Val Oliveira (Presidente do Diretório Municipal) e do deputado federal Mário Negromonte Júnior, e nesta toada, fala em nome do partido na Câmara, alguém precisa se explicar diante do eleitor, estou errada?

O PP, via de regra, está na Câmara para fazer o que Luiz Aureliano e Antônio Alexandre fazem, podem me desmentir se vai nesta afirmação alguma inverdade. Podem me chamar de “patetinha” e de jornalista de “quinta catiguria”, mas meu compromisso é com os fatos, e não pela conveniência de grupo político.

Vai abaixo parte do que foi dito na Casa das Leis e cada um tire suas próprias conclusões:

Antônio Alexandre: “Não chamei de ladrão, ainda!”

Comentando a histeria que se abateu em alguns vereadores da base, pela investida de Paulo de Deus no fim de semana de atividades políticas no BTN, o vereador garantiu que não chamou o prefeito Anilton Bastos de ladrão: “Identifiquei ações negativas por parte do governo, mas não chamei de ladrão, no dia que eu chamar vou à justiça!”, segundo explicou o vereador, basta tocar no nome do prefeito que é um Deus nos acuda na Câmara:

“Ninguém está aqui para dizer amém a prefeito não, ele não me elegeu, nós devemos satisfação ao povo, a preocupação de alguns aqui é só agradar ao prefeito, quando alguém fala alguma coisa aqui é um Deus nos acuda.”

Zezinho e o “assassino de criancinhas” e as 41 obras entregues por Anilton Bastos

Quando já havia dito toda sorte de impropérios, Zezinho saiu-se dizendo que um vereador assassinou uma criança, Edson Oliveira interpelou:

“Foi feita aqui uma acusação grave, o senhor está afirmando que um vereador matou uma criança? Isto precisa ser esclarecido!”

“Eu não, mas o senhor sim cometeu um crime e confessou aqui” rebateu Luiz Aureliano

“Dom Anilton I não pode ser criticado nessa Casa? Eu não posso mudar de opinião? Mudei. Vereador Zezinho tome cuidado com suas palavras, que eu saiba o único que cometeu um crime aqui foi o senhor, chegou em meu gabinete com os recibos em torno de R$ 30 mil reais, dizendo que era para pagar a cirurgia da sua esposa, o senhor sabe que confessou um crime? Que pode ter seu mandato cassado?” perguntou Aurelino, a resposta de Zezinho seria cômica, não fosse trágica: “Graças a Deus”.


Segundo explicou Luiz Aureliano, a criança havia chegado morta na barriga da mãe, e o caso está na justiça que irá julgar. “Cuidado! Sem ofensas pessoas, eu não faço isso, agora afirmo: Anilton não cumpre com os princípios de impessoalidade”, quando falou na extinção da verba de gabinete para bancada da oposição e da situação, o vereador Edson mandou às favas o Regimento Interno:

“Eu vou falar, forasteiro demagogo! Não passa de um demagogo! Forasteiro! Não tenho medo e falo mesmo: forasteiro demagogo!”

O vereador Albério Faustino (PV) teve muito trabalho para conseguir reorganizar a sessão, mas foi firme até o fim.

A vez de Marconi Daniel “Eu me venho mais uma vez aqui, mas eis aí um cordeiro com pele de lobo”, disse aos berros referindo-se a Luiz Aureliano: “Disse que na sessão passada eu insuflei a violência! Deixe de ser mentiroso, deixe de ser mentiroso!, violência o senhor faz todo dia, violência o senhor continua fazendo, o senhor que chegou a bater em mulheres!” acusou.

Se o que está descrito acima trata a liturgia de um poder que tem, entre outras finalidades, fiscalizar o executivo, o que há de ser de nós?

Concluo: as duas últimas sessões da Câmara Municipal causam vergonha alheia em quem acompanha, pouco importa a inclinação política.

Fonte: Blog de Ozildo Alves

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