quarta-feira, novembro 29, 2017

Três policiais civis de Pernambuco são alvo de operação contra corrupção e lavagem de dinheiro


Três policiais civis integrantes de uma organização criminosa suspeita de crimes como corrupção passiva, concussão (extorsão cometida por um funcionário público), lavagem de dinheiro, receptação qualificada e usurpação de função pública são alvos de mandados de prisão temporária da Operação Bis in Idem, da Polícia Civil de Pernambuco (PCPE). Outro mandado de prisão temporária e 11 mandados de busca domiciliar foram expedidos pela Primeira Vara Criminal da Comarca de Caruaru. A operação foi deflagrada na manhã desta quarta-feira (29).

Os mandados estão sendo cumpridos nas cidades de Caruaru, onde estão lotados os policiais, e em Gravatá e Garanhuns, todas no Agreste de Pernambuco. Segundo a PCPE, a principal atuação da organização era na solicitação ou exigência de valores indevidos para recuperar ou liberar veículos e mercadorias roubadas, causando um novo prejuízo às vítimas. Um policial militar suspeito de integrar a organização teve decretada condução coercitiva para a sede do Grupo de Operações Especiais (GOE), no bairro do Cordeiro, na Zona Oeste do Recife.

Esses policiais civis trabalhavam no plantão de Caruaru, além do policial militar da mesma cidade e outro homem, primo de um dos civis, que se passava por policial civil. "As vítimas relatavam os roubos ou furtos e isso não era lançado no registro oficial. Eles recuperavam esses bens e para devolver, solicitavam uma quantia em dinheiro ou realizavam a concussão”, contou o chefe da Polícia Civil, o delegado Joselito Kehrle do Amaral.


Três veículos roubados foram apreendidos na manhã desta quarta [veja na galeria abaixo]. Um galpão com vários carros foi encontrado na cidade de Caruaru e uma vistoria será realizada para identificar a situação desses automóveis. A PCPE irá investigar também a possibilidade de os policiais estarem envolvidos no esquema de roubos dessas mercadorias.

Joselito lamentou a participação de companheiros de corporação no esquema. “É lamentável que policiais que têm que dar exemplo estejam envolvidos em crimes. Nós somos inflexíveis com esse tipo de comportamento”, disse. Ele informou ainda que o caso pode provocar a exclusão desses policiais do quadro da PCPE. “A imensa maioria dos que fazem a Polícia Civil são policiais honestos. É bom deixar isso claro. Infelizmente e lamentavelmente, alguns se desviam como esses três. Quando isso ocorre, a polícia age retirando-os da corporação e investigando os crimes cometidos”, finalizou.

Investigações
As investigações começaram após a primeira vítima procurar a Polícia Civil para denunciar o esquema. A execução dessa operação poderá encontrar outros envolvidos. Os presos serão chamados para prestar depoimento e receberão o benefício da delação premiada para apontar outros participantes do esquema.

Segundo Joselito, há a caracterização de enriquecimento ilícito desses policiais. “A partir dos relatos das vítimas, nós traçamos a evolução do patrimônio desses policiais e percebemos que é incompatível com a quantidade de bens que eles possuem, tanto imóveis quanto móveis”, explicou. “Solicitamos a quebra e o sequestro desses bens, que foram apreendidos. Os policiais utilizaram o dinheiro do esquema para realizar essas compras”, completou o delegado.

Esta é a 47ª operação de repressão qualificada da Polícia Civil no ano. As investigações estão sob responsabilidade dos delegados da Diretoria Integrada Especializada do GOE, Guilherme Caraciolo e Ramon Teixeira, além da Diretoria de Inteligência da Polícia Civil (Dintel), Núcleo de Inteligência do GOE e do Centro Integrado de Inteligência e Defesa Civil (CIIDS). O efetivo envolvido na operação é de 60 policiais.

Folha de Pernambuco

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