A opinião é do monge e teólogo italiano Enzo Bianchi, prior e fundador da Comunidade de Bose, em artigo publicado no jornal Avvenire, 13-03-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Deus quis criar um mundo em que os seres vivos pudessem, justamente, viver e, portanto, pudessem se alimentar. As primeiras páginas do Gênesis, em que em uma sinfonia se tenta contar a criação, Deus confia à humanidade, na polaridade homem-mulher, o alimento: "Vejam! Eu entrego a vocês todas as ervas que produzem semente e estão sobre toda a terra, e todas as árvores em que há frutos que dão semente: tudo isso será alimento para vocês. E assim se fez. E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo era muito bonito e bom" (Gn 1, 29).
Todos os frutos da terra são doados ao homem, mas há uma insistência sobre a erva e sobre as árvores que dão semente, revelando logo que essa semente não se destina apenas a ser comida com o fruto, mas pode cair na terra, e essa também é uma ação humana: a semeadura requer o cuidado, a cultura por parte do homem.