Decisão da Corte afeta principalmente eleitores de regiões mais pobres do Norte e Nordeste. Votação de Haddad será a mais impactada, mas “um em cada três eleitores antipetistas de Bolsonaro poderá mudar de voto, caso o PT explore o fato de que não há propostas concretas para a população”, diz um dos analistas.
Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve o cancelamento do título de 3,3 milhões de eleitores em todo o país. O contingente, que representa cerca de 2% do eleitorado nacional, gera impacto principalmente nas regiões Norte e Nordeste — onde está a maior parte dos brasileiros que não compareceram ao cartório para participar de um processo de revisão. De acordo com especialistas ouvidos pelo Correio, o maior afetado com a decisão do Supremo entre os candidatos à Presidência é Fernando Haddad, que concorre no pleito como representante do PT.
De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no total, 4,6 milhões de eleitores não compareceram para o processo de revisão dos títulos entre 2016 e 2018 — sendo que a maioria não realizou o cadastro da biometria. No entanto, no prazo aberto para recursos, 1,3 milhão de pessoas regularizou a situação. Os que ainda estão irregulares se espalham por 1.248 municípios de 22 estados. Por 7 votos a 2, os ministros negaram a procedência de uma arguição de descumprimento de preceito fundamental apresentada pelo PSB para que o voto desses cidadãos fosse liberado. O partido pedia a suspensão das regras que impedem a participação do público citado. Segundo o TSE, 100% dos eleitores do Distrito Federal fizeram o procedimento, ou seja, ninguém na capital foi afetado pela decisão de ontem.