O concurso é um exemplo eloquente de como o negro é tratado na TV brasileira: sempre relegado a papéis secundários ou carregados de clichês, sejam eles negativos ou supostamente positivos, como a alegria ou a malemolência atribuídas às pessoas de cor. Quando estão em evidência, é dançando freneticamente no "Esquenta", o equivalente televisivo a uma grande festa na senzala.
Outra disputa de beldades promovida pelo mesmo "Fantástico" atesta esta exclusão. O "Menina Fantástica", concurso para revelar uma top-model, tinha pouquíssimas negras na disputa. Às belas negras, resta o Carnaval e a possibilidade de um reinado até a quarta-feira de Cinzas. Passarela da moda? Só com sorte ou por conta de míseras cotas, como as adotadas no último Fashion Rio.É como se mulher negra e bonita fosse sinônimo de passista de carnaval, apenas.