A dicotomia entre o ético e o não ético funciona perfeitamente em rodas de amigos, porém na realidade o tema é um pouco mais complexo. De forma geral, as empresas possuem expectativas muito polarizadas no que se refere aos preceitos éticos esperados de seus colaboradores.
Tão importante quanto conhecer as decisões feitas pelos profissionais que nos representam, é sabermos os motivos que impulsionaram suas escolhas, pois é através destes que saberemos com maior precisão o quanto os valores organizacionais serão respeitados, independentemente de qualquer fator interno ou externo.
Fazer o certo nem sempre representa uma convergência de valores. Em muitos casos, indivíduos com a flexibilidade moral ampliada aderem às regras pelo medo de uma punição, por impossibilidades em operacionalizar um ato desviante ou por estarem inseridos em uma cultura ética sólida que dificulta uma naturalização da ação indevida, sem que, de fato, tenham autonomamente o desejo de agir de maneira correta. Nestes casos, a diminuição do investimento em controles internos, a falta de ceticismo na auditoria, as mudanças estruturais ou departamentais, bem como diversos outros fatores que fragilizem a companhia, podem desencadear comportamentos ilícitos que estavam confinados no colaborador, deflagrando uma que motivação já estava presente.