Nem no auge dos protestos a favor do impeachment de Dilma Rousseff, no ano passado, tomou-se tanta precaução para que o chefe de Estado não fosse alvo de manifestações.
A estratégia dos auxiliares de Michel Temer (PMDB) para evitar que ele fosse vítimas de vaias em sua estreia em evento público na capital federal como presidente efetivo falhou. No tradicional desfile de 7 de Setembro, as arquibancadas mais próximas à tribuna presidencial eram ocupadas apenas por convidados do próprio Palácio do Planalto ou de servidores da União, porém, um grupo de estudantes conseguiu alguns dos convites e puxou um coro de “Fora, Temer”. Os gritos de "golpista" começaram logo que ele chegou ao desfile em um carro fechado acompanhado da primeira-dama Marcela Temer, do governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB) e da esposa dele, Márcia Helena. Apoiadores da gestão peemedebista tentaram, em vão, abafar o som, aplaudindo o presidente ou cantando: “A nossa bandeira jamais será vermelha”. No fim da quarta-feira, Temer voltaria a ouvir vaias na cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos no Maracanã, no Rio de Janeiro. Como na cerimônia dos Jogos em agosto, o presidente fez apenas um discurso-relâmpago, mas, de novo, não evitou os protestos.
A reportagem é Afonso Benites, publicada por El País, 07-09-2016.
Os preparativos em Brasília chamaram atenção porque nem no auge dos protestos a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT), no ano passado, tomou-se tanta precaução para que o chefe de Estado não fosse alvo de manifestações. Dessa vez,Temer quebrou dois protocolos, não usou a faixa presidencial nem desfilou no Rolls-Royce conversível que os presidentes costumam usar nesta data. Militantes que colaram adesivos nas roupas contra o peemedebista foram retirados das arquibancadas e quem estava com cartazes ou faixas com críticas ao Governo teve de entregá-los aos seguranças.