O gás de xisto permite aos Estados Unidos reduzir as importações de petróleo, mas pode ser um desastre.
A reportagem é de Antonio Luiz M. C. Costa e publicada pela Carta Capital, 27-12-2013.
A produção de gás e petróleo de xisto pelo fracking, ou fratura hidráulica, foi recebida nos Estados Unidos, na Argentina e em alguns países europeus e asiáticos como uma panaceia contra o esgotamento das reservas de petróleo, a dependência das importações de energia e até o efeito estufa. Para muitos ambientalistas, porém, é uma catástrofe ecológica, o encerramento mais desastroso que se poderia imaginar para a era dos combustíveis fósseis. Talvez seja também uma ilusão, uma bolha especulativa destinada a estourar.
Trata-se de uma técnica para aproveitar gás ou petróleo de camadas de xisto, rocha impermeável à produção convencional.
Perfura-se um poço que na parte final é horizontal e por ele se injeta um fluido que amplia as fraturas do substrato rochoso para abrir caminho aos hidrocarbonetos nele encerrados. Usa-se geralmente uma mistura de água, areia e produtos químicos, trazida por caminhões-cisternas. A função dos grãos de areia é manter as rachaduras abertas e a dos aditivos inclui aumentar a viscosidade do líquido para transportar esses grãos com mais eficiência, reduzir a fricção e prevenir a corrosão e a multiplicação de bactérias. É como espremer o bagaço de um planeta que já deu suco.