quarta-feira, janeiro 18, 2023

Anderson Torres deve prestar depoimento à PF em instantes; advogado já está no batalhão


O ex-secretário da Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça Anderson Torres deve prestar depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (18) em relação ao ataque aos Três Poderes.

Recaem sobre ele suspeitas de ser conivente e omisso diante dos atos criminosos promovidos por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no dia 8 de janeiro, ocasião em que os criminosos depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília.

Torres foi exonerado do cargo de secretário de Segurança Pública do DF no dia seguinte, e está preso preventivamente desde o último sábado (14).

De acordo com informações do analista de política da CNN Gustavo Uribe, autoridades das forças de segurança não descartam a realização de uma acareação entre Torres e o governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).
Aliados de Ibaneis Rocha estariam preocupados com o depoimento do ex-ministro. A estratégia de defesa do governador afastado se baseia na argumentação de que ele não teria tido acesso a todas as informações que Torres saberia sobre a possibilidade de atentados criminosos nas sedes dos Três Poderes.

O entorno do governador afastado teme que Torres apresente alguma prova que possa contradizer o depoimento de Rocha para a PF. O melhor cenário, para aliados de Ibaneis Rocha, seria a palavra de um contra o outro, por avaliarem que a credibilidade do ex-ministro com a Justiça esteja mais baixa, principalmente após a descoberta da minuta golpista em sua casa.

A Polícia Federal encontrou na casa de Anderson Torres uma minuta (proposta) para um decreto para que o Bolsonaro instaurasse “estado de defesa”, visando alterar o resultado das eleições presidenciais.

Na tarde desta terça-feira (17), o advogado de Anderson Torres, Rodrigo Roca, afirmou à CNN que não há qualquer possibilidade de Torres realizar uma delação premiada. Segundo outros interlocutores de Torres, ele teria dito antes de ser preso que descartava a possibilidade de acusar Bolsonaro de alguma participação nos atos criminosos de 8 de janeiro.
A prisão de Torres

Anderson Torres foi preso pela Polícia Federal (PF) no último sábado (14) e está no 4º batalhão da Polícia Militar no Guará, região administrativa do DF.Flagra do ex-ministro Anderson Torres na janela do 4ª Batalhão da Polícia Militar no Guará, em Brasília, onde ele está preso desde sábado (14)
Fontes relataram à analista de política da CNN Basília Rodrigues que a prisão foi rápida, tranquila e discreta. O avião de Torres, vindo de Miami, onde ele passava as férias nos Estados Unidos, pousou por volta de 7h20 no Aeroporto Internacional de Brasília.

Em nota, a PF informou que Torres “foi preso ao desembarcar no Aeroporto de Brasília e encaminhado para a custódia, onde permanecerá à disposição da Justiça”. “As investigações seguem em sigilo”, completou.

O mandado de prisão preventiva contra Torres foi decretado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

“As omissões do Secretário de Segurança Pública e do Comandante Geral da Polícia Militar, detalhadamente narradas na representação da autoridade policial, verificadas, notadamente no que diz respeito à falta da devida preparação para os atos criminosos e terroristas anunciados, revelam a necessidade de garantia da ordem pública”, afirma Moraes na decisão que determinou a prisão de Torres.

Na sexta-feira (13), o ministro também atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinou a abertura de um novo inquérito para apurar as condutas de Ibaneis Rocha e de Anderson durante os atos do dia 8.

Para a PGR, há indícios graves da atuação criminosa dos quatro e elencou uma série de fatos apontando para a “aparente omissão, supostamente dolosa,” das autoridades públicas e das forças policiais.

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