quinta-feira, dezembro 13, 2018

Caso Artur Eugênio: Cirurgião Cláudio Amaro é condenado a 27 anos pela morte do médico

Foto: Marina Curcio/Esp. DP

Depois dos três dias de julgamento, o Júri Popular, formado por sete pessoas, condenou o cirurgião Cláudio Amaro Gomes, 60 anos, a 27 anos de reclusão por homicídio qualificado (motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vitima) do também médico Artur Eugênio, 35 anos, idade que tinha no ano do crime. A decisão foi dada na madrugada desta quinta-feira. Na sessão também foi condenado, o outro réu, Jailson Duarte César. Ele também foi culpado por homicídio qualificado e terá 22 anos de reclusão e dois anos de detenção, e 280 dias-multa.

Os dois estavam detidos há 4 anos e meio. Amaro no Centro de Observação e Triagem em Abreu e Lima (Cotel) Cotel e Jailson em um presídio de Igarassu. Artur Eugênio foi encontrado morto no dia 12 de maio de 2014 às margens da BR-101, no bairro de Comporta, no município de Jaboatão dos Guararapes. A defesa dos dois condenados recorreram da sentença em plenário.

A gota d'água para a sentença veio com o depoimento da médica e coordenadora do setor de oncologia do Imip Jurema Telles de Oliveira Lima. Ela prestou depoimento, a pedido dos jurados, por meio de vídeo, gravado em audiência de instrução. Durante a sessão, Jurema exaltou o que chamou de "excelência do trabalho de Artur Eugênio" . Questionada sobre ter se surpreendido com a informação de que Cláudio Amaro pudesse ser responsável pelo crime, foi enfática: “Não me surpreendi pelo que já sabia dele (Claudio Amaro)”.

Em depoimento, ela detalhou fatos sobre o que considera principal motivo para a morte de Artur Eugênio.O sonho do médico era além de salvar vidas dar aulas. Uma semana antes do assassinato, Artur prestou concurso para o cargo de professor de cirurgia torácica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Para isso, ele deveria ter um bom resultado durante avaliações do período probatório, Artur tinha notas em destaque, acima da média de alguns professores, menos de Claudio Amaro. Caso fosse aprovado, Artur ganharia ainda mais destaque como professor.

"Seria muito injusto uma pessoa da excelência de Artur ser reprovado no período probatório", contou Jurema. Além disso a coordenadora do setor de oncologia do IMIP revelou ter conhecimento que Cláudio Amaro Gomes foi professor dela e ela o conhecia por ser cirurgião cardíaco e não torácico. Além disso, ela reforçou o que foi dito por colegas sobre o médico cobrar um valor exorbitante nas cirurgias.

Inconformada com a sentença, a esposa de Cláudio, Solange Queiroga, voltou a dizer que o marido é inocente e culpou exclusivamente o enteado Cláudio Amaro Gomes Júnior. "Estamos revoltados com esse resultado porque condenaram um inocente. Cláudio é inocente, o filho dele assumiu e vamos continuar a lutar para provar a inocência dele. E um dia Deus vai cobrar de cada um que o condenou e há de conceder a justiça divina", lamentou. Cláudio pai pode recorrer da decisão.

Nessa quarta-feira, durante toda sessão, a promotora de Justiça do Ministério Público de Pernambuco, Dalva Cabral de Oliveira, defendeu que o médico Cláudio Amaro Gomes seja condenado como autor intelectual do crime. Em relação a Jailson Duarte César, a promotoria sustenta as mesmas qualificadoras do homicídio, mas pede que ele seja julgado como participante, uma vez que não há provas de que o agenciador estava presente na cena do crime.

"Ele não executou, não foi até o lugar, também não mandou matar. Ele participou, apresentando os contratados (pistoleiros) ao contratante (Cláudio Amaro Gomes)", explica Dalva Cabral. A promotora afirma ainda que o filho de Cláudio Amaro Gomes, Cláudio Amaro Gomes Júnior, teria feito o intermédio entre o pai e Jailson, participando, ainda, do momento do crime.

"Pegaram um vasilhame que tinha as digitais do filho, Claudio Júnior, o que dá a ideia de que ele acompanhou todo o processo. Por certo não atirou, mas contratou bons pistoleiros, Lyferson Barbosa e Flávio Boca de Lata", disse Dalva Cabral.

Os outros envolvidos no crime foram Flavio Brás, que morreu em uma troca de tiros com a Polícia Militar, em fevereiro de 2015. Cláudio Júnior e Lyferson Barbosa da Silva foram condenados em Júri Popular realizado em 2016. O primeiro cumpre pena de 34 anos de reclusão e o segundo, 26 anos e quatro meses de reclusão.

Defesa

No mesmo momento em que a sentença foi proferida houve uma apelação verbal por parte da defesa, que já afirmou que vai recorrer da decisão. Neste caso, quem julgaria a segunda instância seria o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), segundo advogado Gilberto Marques.

A expectativa de Marques é "desfazer a injustiça demonstrando a inteira falta de provas. Para condenar alguém é preciso de provas, principalmente em um processo como este que a pena é altíssima", disse Gilberto, um dos advogados de defesa de Claudio Amaro.

A defesa vê também se há possibilidades também de diminuição da pena. "A caneta dela, como todo mundo diz, é pesada", disse o advogado sobre a juíza Inês Maria de Albuquerque.

Por: Diario de Pernambuco

Um comentário:

  1. Deveria ter pego mais 27 anos de reclusão esse criatura nso tem . coração e um monstro .

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