quinta-feira, março 15, 2012

Movimento dos Atingidos por Barragens desocupam sede da Chesf


Grupo se reuniu em assembleia e avaliou positivamente as decisões. Manifestantes estavam no local desde a última terça-feira (13).(Foto: Alexandre Souza)

Os integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) desocuparam a sede da Chesf, no bairro de San Martin, no Recife, no início da manhã desta quinta-feira (15). A decisão foi tomada após uma assembleia realizada entre os integrantes no fim da noite de quarta-feira (14), quando foram avaliadas positivamente as reuniões com a Secretaria da Casa Civil e com a própria Chesf. O MAB estava acampado no local desde a última terça-feira (13).

Uma comissão do MAB entregou ao governo do estado, no Palácio do Campo das Princesas, uma pauta de reivindicação, abordando questões relacionadas à renovação das concessões de geração, transmissão e distribuição da energia elétrica e à criação de uma política nacional de tratamento para as famílias atingidas por barragens. O MAB também pede a intermediação do governo estadual em relação aos problemas ambientais e sociais nos estados de atuação da Chesf, que são Pernambuco, Paraíba, Ceará, Bahia, Piauí e Maranhão, e a redução imediata das tarifas de energia elétrica.

Segundo um dos coordenadores do movimento, José Josivaldo de Oliveira, os dias de ocupação, apesar de terem deixado os integrantes cansados, permitiu um diálogo positivo. “Fizemos uma avaliação, em assembleia, com todo o acampamento e preferimos desacampar em prol do que acertamos, que foram coisas concretas, como o repasse de terras, medidas que atendam os atingidos por barragens. Avaliamos manter essa relação com a sociedade. Se as coisas não andarem, vamos continuar tomando atitudes”, contou.

Apesar do clima de tensão dentro da companhia durante os dias de acampamento, o presidente da Chesf afirmou que manteve um bom relacionamento com os manifestantes. “A gente se surpreendeu antes de ontem. Foi um movimento que deixou muita tensão na empresa, porque tinha muitas mães jovens, com crianças de colo inclusive, e isso causou apreensão; qualquer incidente poderia ser grave. Mas conseguimos um diálogo com o movimento; no dia seguinte, eles saíram de dentro da empresa, trabalhamos normalmente, sem nenhum problema. Ontem, fechamos os últimos entendimentos e eles saíram”, disse João Bosco de Almeida.

Dentre os resultados das reuniões, o governo se responsabilizou em pautar as questões do movimento. De acordo com a assessoria de comunicação da Casa Civil, o secretário-executivo em Pernambuco, Marcelo Canuto, se comprometeu em encaminhar as reivindicações que estão ao alcance do governo do estado através de secretarias setoriais. Também será verificado como as políticas já desenvolvidas em Pernambuco podem ser estendidas para atender essas questões. “A Casa Civil também se responsabilizou para ser um canal de negociação, assim como dialogar com a Chesf. Isso nos fez avaliar que eles vão querer cumprir. O governo federal também está sinalizando que vai decretar uma lei para beneficiar os atingidos por essas questões”, contou José Josivaldo.

Ainda segundo o MAB, a ação no Recife contribuiu para o conhecimento das pessoas a respeito das questões pelas quais eles lutam. “A avaliação é positiva porque promoveu o diálogo, o debate com a sociedade. Tiramos dos bastidores a questão das concessões, dos atingidos por barragens. Fomos pautados publicamente. É uma etapa para buscar uma sociedade mais justa. Espero que essa questão comece a ser resolvida”, disse José Josivaldo.

De acordo com o presidente da Chesf, o movimento não era contra a companhia. “A pauta deles era de política agrária, assentamento, de redução de tarifa de energia, o que não compete à Chesf. O governo federal acompanhou e com certeza vai fazer pautas específicas para esse público”, comentou Bosco. “Tentamos encontrar meios de atender nossas questões”, concluiu José Josivaldo.

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