terça-feira, agosto 30, 2022

Produtos químicos perenes: Novo estudo conclui que não é seguro beber águas de chuva no mundo inteiro

diabetes é uma preocupação para as mulheres em relação aos produtos químicos perenes

As substâncias per- e polifluoralquil (PFAS), comumente conhecidas como "produtos químicos perenes", têm sido ligadas a uma série de questões de saúde. Estas questões englobam câncer, fertilidade e problemas de gestação, problemas de desenvolvimento em crianças, imunodeficiência e doenças cardíacas. Embora os fabricantes tenham começado eliminar gradualmente esses produtos, a presença contínua deles é uma preocupação. Achados recentes que esclarecem a natureza de sua ameaça e onde podem ser encontrados resultaram no tema clínico mais buscado da semana no site especializado Medscape.

As substâncias per- e polifluoralquil foram utilizadas em vários produtos, desde embalagens de alimentos ao vestuário impermeável. Os pesquisadores identificaram agora uma contaminação ambiental importante na atmosfera, como na água da chuva, na neve, no solo e até no sangue humano. Nos últimos 20 anos, países no mundo todo reduziram seus limites recomendados para substâncias per- e polifluoralquil na água e no solo à medida que os impactos na saúde se tornaram mais claros. Nos Estados Unidos, as recomendações para níveis de ácido perfluorooctanoico (PFOA) diminuíram de 70 partes por trilhão para 0,004 parte por trilhão, um fator de 37,5 milhões. Pesquisadores descobriram que níveis de ácido perfluorooctanoico na água potável excedem essas diretrizes em todas as partes do mundo, mesmo em algumas das áreas mais remotas, como a Antártica e o planalto tibetano.

"Segundo as últimas diretrizes dos EUA para ácido perfluorooctanoico em água potável, a água da chuva em todo o mundo seria considerada insegura para beber", disse o Dr. Ian Cousins, Ph.D., primeiro autor do estudo, em uma declaração.

Entre as questões de saúde recentemente esclarecidas, um estudo recente constatou que a ingestão de produtos químicos perenes pode ser um fator de risco modificável de hipertensão. Em um grande estudo prospectivo, os pesquisadores encontraram uma associação entre níveis mais elevados de substâncias per- e polifluoralquil e o aumento do risco de hipertensão em mulheres de meia-idade. O estudo analisou a associação entre as concentrações séricas de substâncias per- e polifluoralquil e o risco de hipertensão arterial em 1.058 mulheres inicialmente normotensas. As mulheres no tercil mais alto da concentração total de substâncias per- e polifluoralquil tiveram um aumento de 71% do risco de hipertensão arterial (razão de risco ajustada de 1,71; intervalo de confiança, IC, de 95%, de 1,15 a 2,54; tendência de p = 0,008). As mulheres no tercil mais alto da concentração sérica de perfluorooctanossulfonato (PFOS) ao início do estudo apresentaram um risco 42% maior de ter hipertensão em comparação as do tercil mais baixo (razão de risco ajustada de 1,42; IC de 95%, de 1,19 a 1,68; tendência p = a 0,01). Os riscos persistiram após o ajuste para vários fatores, como raça, local de estudo, escolaridade, situação socioeconômica, tabagismo, uso de bebidas alcoólicas, ingestão total de calorias e menopausa.

O diabetes é também uma preocupação para as mulheres em relação aos produtos químicos perenes. Novas pesquisas mostraram que "dado que 1,5 milhões de estadunidenses são recém-diagnosticados com diabetes todos os anos nos EUA, cerca de 370.000 novos casos de diabetes anualmente nos EUA são atribuíveis à exposição a substâncias per- e polifluoralquil". Os achados vêm de um estudo prospectivo com 1.237 mulheres, com mediana de idade de 49,4 anos. Ao longo do período de estudo, foram observados 102 casos de diabetes de início recente, representando uma incidência de 6 casos por 1.000 pessoas-ano. Após ajuste pelos principais fatores de confusão, as que se encontravam no tercil mais alto de exposição a uma combinação das sete substâncias per- e polifluoralquil foram significativamente mais propensas a ter diabetes em comparação às que se encontravam no tercil mais baixo de exposição (razão de risco de 2,62). Esse risco foi maior do que o observado com cada substância per- e polifluoralquil (razão de risco de 1,36 a 1,85), sugerindo um potencial efeito aditivo ou sinérgico de múltiplas substâncias per- e polifluoralquil no risco de diabetes. A associação entre a exposição combinada a substâncias per- e polifluoralquil entre o tercil mais alto e mais baixo foi semelhante ao risco de diabetes entre as pessoas com sobrepeso (índice de massa corporal de 25 a 30) em comparação às com peso normal (razão de risco de 2,89) e maior do que o risco entre a fumantes e pessoas que nunca fumaram (razão de risco de 2,30).

Outro estudo recente constatou que a exposição a substâncias per- e polifluoralquil também pode causar danos hepáticos e pode ser responsável pela elevação do índice de esteatose hepática não alcoólica. Os pesquisadores encontraram evidências "sistemáticas" de hepatotoxicidade em modelos de roedores, e a exposição a substâncias per- e polifluoralquil foi associada a marcadores de função hepática em estudos observacionais em humanos. A revisão incluiu 85 estudos de roedores e 24 estudos epidemiológicos, principalmente com pessoas nos Estados Unidos. Metanálises de estudos com humanos identificaram que níveis mais altos de aminotransferase alanina foram significativamente associados a exposição ao ácido perfluorooctanoico, ao perfluorooctanossulfonato e ao ácido perfluoronanoico (PFNA). A exposição ao ácido perfluorooctanoico também foi associada a níveis mais elevados de aminotransferase aspartato e γ-glutamiltransferase em humanos. As associações "positivas" e "convincentes" entre a exposição a produtos químicos perenes e esses marcadores hepáticos sugerem que a exposição possa contribuir para a crescente epidemia de hepatopatia esteatótica não alcoólica, segundo os pesquisadores.

A riqueza de provas que relacionam os produtos químicos perenes aos efeitos adversos na saúde certamente provocou mudanças na indústria. No entanto, as consequências da sua criação continuam a ser uma grande preocupação. À medida que mais estudos esclarecem os riscos específicos, é provável que o interesse volte a aumentar, tal como aconteceu esta semana.

Medscape

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