Natural de Itacoatiara (AM) e morando em Rondônia desde a adolescência, Nara transformou sua paixão pela culinária e o conhecimento adquirido como fisioterapeuta em um projeto inovador que nasceu dentro das escolas públicas. Foi durante o preparo de peixe para a merenda escolar que ela começou a testar maneiras de aproveitamento dos filés com espinhas.
"Como a gente prepara muito peixe para a merenda escolar, tirava os filézinhos que vinham com espinhas, e aí eu fiquei tentando ver o que eu poderia fazer. Comecei a fazer tipo como se fosse sardinha. Deu certo, porém, como que eu ia fazer enlatado? Depois eu pensei: tem que fazer embutidos. Aí chamei uma senhora que dá cursos pelo Senar. E aí eu comecei", explicou.
A criação deu tão certo que atualmente ela oferece cinco tipos diferentes de linguiça de peixe: a Rondonice, feita com pimenta biquinho e queijo de coalho; a apimentada; a tradicional, sem pimenta; a recheada; e a frescal, mais fina. Todos os produtos são feitos a partir de pirarucu ou tambaqui, peixes nativos da região amazônica.
Nara conta que foram quase três anos para desenvolver a linguiça, entre testes, criação de sabores e a burocracia de rotulagem e legalização do produto. Hoje, ela chega a produzir entre 300 e 500 quilos, dependendo da demanda. A piscicultora já participou de feiras internacionais e está em processo de ampliação da produção para atender grandes compradores.
"Estamos nessa batalha há dois anos pra três anos, fazendo pra ter o melhor sabor. Tirando as rotulagens, tirando a documentação, pra que a gente possa levar esse produto todo legalizado, todo registrado, pra poder levar pro comércio", contou.
Filha de ribeirinho, ela afirma que sua história com o peixe vem desde sempre, mas foi em Rondônia que encontrou espaço para empreender, inovar e educar. Para ela, o projeto é também uma forma de levar dignidade à mesa dos estudantes.
"Você vê que muitas crianças vão pra escola e aquilo ali é o que elas têm pra comer. Muitas vezes elas repetem, pedem do amigo, querem levar pro irmão. Isso me sensibilizou muito."
A paixão pela culinária e pela transformação social segue guiando a piscicultora, que já desenvolve também bolinhos de peixe e receitas diversas como lasanha, escondidinho, estrogonofe e até vatapá com base de pescado.
"Eu tive que inovar. Você vender peixe pra criança que já tá acostumada com comida mais fácil, você tem que inventar. Hoje eles comem almôndega, macarronada de peixe, e repetem. E ainda perguntam: 'tia, é frango?' Eu digo: 'não, é peixe'."
Apesar de ainda não serem distribuídas nas escolas, a produtora trabalha para que as linguiças de peixe possam, em breve, chegar à merenda escolar. Segundo ela, a preocupação com a saúde das crianças e adolescentes é o que guia o desenvolvimento das receitas, que são acompanhadas por uma nutricionista.
Além disso, a empreendedora informou que suas linguiças são mais saudáveis quando comparadas às versões tradicionais do mercado, por não levarem gordura animal.
g1 RO
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